terça-feira, 28 de julho de 2009

UMA VERGONHA: Planalto minimiza nota do PT e reafirma apoio a Sarney no Senado


Lula desautoriza Mercadante e diz que documento cobrando licença do aliado não reflete posição do partido

Leonencio Nossa e Vera Rosa

Preocupado em perder o apoio do PMDB na CPI da Petrobrás, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desautorizou ontem o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP). Em reunião do grupo de coordenação do governo, Lula afirmou que mantém o aval ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e disse que a nota assinada por Mercadante na sexta-feira, reiterando o pedido de licença do aliado peemedebista, não reflete a posição do PT.

Articulador político do Planalto, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, não escondeu a contrariedade de Lula com o líder do PT. "O que nós avaliamos é que isso não é um movimento do PT", insistiu Múcio. "Imaginamos que seja o posicionamento de um ou dois senadores."

O movimento do governo tem o objetivo de conter o mal-estar provocado no PMDB com a nota divulgada por Mercadante há quatro dias. No texto de dez linhas, o senador considerou "grave" a revelação de que Sarney - alvejado por uma avalanche de denúncias - atuou para que o então diretor-geral do Senado Agaciel Maia reservasse uma vaga para Henrique Bernardes. O contratado era namorado de Maria Beatriz, neta de Sarney, conforme revelou o Estado.

A nota foi interpretada pelo Planalto como mais um gesto para dar satisfação aos eleitores. Dos 12 senadores da bancada petista, dez serão candidatos nas eleições do ano que vem e têm recebido fortes cobranças de suas bases pelo apoio a Sarney.

De qualquer forma, Lula também precisava jogar água no caldeirão do PMDB e escalou Múcio para a tarefa. "O presidente conversou com a bancada do PT 15 dias antes de tudo isso acontecer e não sentiu que o pedido de licença era uma posição de todos os senadores de seu partido", comentou Múcio.

Na prática, o vaivém do PT em relação à crise no Senado dura mais de um mês. Oito dos 12 senadores petistas são a favor do afastamento de Sarney - posição já manifestada em outras notas -, mas, como foram enquadrados pelo Planalto, protagonizam uma espécie de contorcionismo verbal, pois não podem se juntar à oposição para tirar o senador do posto.

Apesar de manter o aval a Sarney por avaliar que o apoio é necessário para a governabilidade e para eleger a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência, em 2010, Lula foi orientado a amenizar os elogios feitos ao aliado em seus discursos. Avaliações reservadas do Planalto indicam que o presidente "já fez tudo o que podia fazer" por Sarney e deve, agora, dizer que toda a investigação cabe ao Senado. Ao contrário da expectativa do governo, o recesso parlamentar não serviu para esfriar a crise.

O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse que conversará com os senadores do partido, na próxima semana. Será mais uma tentativa de acertar um discurso único em relação a Sarney. "Tudo o que foi denunciado tem de ser apurado, mas pedir o afastamento de Sarney é o mesmo que propor um golpe", afirmou Berzoini. O deputado já havia demonstrado irritação com Mercadante no último dia 8, quando a bancada do PT no Senado pedira o afastamento de Sarney. "Produziram uma nota com vocação arqueológica, defasada no tempo", alfinetou Berzoini, na ocasião. Procurado pelo Estado, Mercadante não foi localizado ontem para comentar o assunto.

O CÃO SARNENTO DO SENADO



INEVITÁVEL: todos falam de Sarney. O presidente do Senado é para mim, ainda hoje, o signo do desencanto. Afora a euforia inicial porque morto Tancredo não teríamos aula no colégio, o distante 1985 reservava também à minha percepção infantil uma presença indesejável, personagem errado no cenário errado do palco errado do teatro errado. Com Sarney no Palácio do Planalto, fiz minha primeira viagem a Brasília. Horas e horas de ônibus depois, conheci a face de concreto da bela cidade de vento desenhada por Niemeyer. Um recepcionista - ou figura semelhante - na porta do Senado pediu que eu escrevesse meu nome no livro de visitas da Casa. Até hoje recordo da solenidade do traço cambaleante da minha letra infantil percorrendo a linha do grande livro. Na porta do Senado, aos meus poucos anos, me senti cidadão.

Toda vez que volto a Brasília - como nessa semana - lembro-me daquela cidade do meu imaginário. Nestes dias tão tempestuosos, o Distrito Federal me parece mais concreto que vento e a democracia, uma ideia muito vaga da qual nem jornais nem jornalistas conseguiram compreender plenamente, ainda, e muito menos o povo.

Sarney é o bode na sala, desde sempre. Pois vejam: na presidência, não era legítimo porque Tancredo sequer tinha assumido. No Maranhão, é do Amapá. No Amapá, do Maranhão. Eleito para a Academia Brasileira de Letras, só escreveu livros medíocres e pouco conhecidos. Além de tudo, tem o péssimo defeito de ser do PMDB, partido que se preza a identidades camaleônicas. Sarney nasceu para ser chutado pela imprensa. Em 1930, o mesmo deus que mandou Drummond ser o anjo que foi disse a Sarney que ele tinha vocação para cachorro morto.

Rottweiler vivo, que é bom, ninguém tem coragem nem de afagar. Sarney, portanto, é o alvo preferencial da mídia, da oposição, até de parte do governo, do jornalismo e do povo porque não tem forças para reagir. E a cada novo escândalo, ele mais morto ainda fica. Eu tenho dó de Sarney. Até mesmo o Lula, que o defende por motivos óbvios e evidentes, esboça um leve constrangimento no grão de voz. Sarney é aquele tio que nem respeitamos, mas com quem somos obrigados a conviver no almoço de Páscoa.

Ontem, uma emissora de rádio paulista pediu que eu entrasse no ar, ao vivo, e repercutisse o papel da imprensa na cobertura dos acontecimentos políticos recentes. Fico um pouco constrangido, porque não me presto ao papel de dizer o que os outros esperam ouvir. Entre defender a imprensa ou defender os personagens do noticiário, fico, sempre, com os segundos. O jornalismo, já chamado de "4o poder", na verdade não passa de um "velho pançudo assoprando um canudo". A metáfora é nova, mas a imagem, não. Trata-se do verso de um lundu cantado por Dona Mariquinha Docas e registrado, em 1938, pela Missão Folclórica de Mário de Andrade, em Souza, na Paraíba. Aprecio muito as imagens da cultura popular brasileira: são poderosas ferramentas de interpretação da realidade e sofisticadas máquinas de pensamento. Dez minutos de conversa sertaneja valem mais que mil tratados de metafísica e dois mil de filosofia alemã. Diz a letra da música: "Uma velha, bem velha, bem velhinha, ia atrás rezando a ladainha / Um velho, bem velho, bem pançudo, ia na frente assoprando um canudo". Hoje, o gordo é o jornalismo; a velha com a ladainha, o público.

O mais recente dos escândalos - em um país de escândalos no atacado e no varejo - confirma a metáfora. A imprensa vai à frente, assoprando o canudo e publicando, uma a uma, as denúncias contra José Sarney. Atrás vai o povo, rezando a ladainha e pedindo a renúncia do homem: da conversa no balcão da padaria (o Twitter do mundo analógico) ao Twitter (a padaria do mundo digital). Quando todo mundo fala, desse jeito, a mesma coisa, você não fica meio desconfiado? Eu fico.

Atos secretos, nomeação de parentes, corredores subterrâneos, alcovas e superdiretores. Não é possível que nossos coleguinhas de Brasília não soubessem o que se passava ali, no Senado. Por que agora publicam a denúncia e personificam a crise em torno de José Sarney? Simples: porque Sarney, coitado dele, é apenas um cão sarnento. E a imprensa morre de medo de cão bravo.





* Rodrigo Manzano é Diretor Editorial da IMPRENSA e professor de Jornalismo na graduação e pós-graduação do UniFIAMFAAM, em São Paulo. veja mais

RedeTV! é condenada a indenizar casal de lésbicas por discriminação em quadro do "Superpop"

A 2ª Vara Cível de Barueri condenou a RedeTV! a indenizar em 80 salários mínimos um casal de lésbicas que participou recentemente do programa "Superpop". Na ação, a psicóloga Valéria Melki Busin e a servidora pública Renata Junqueira de Almeida alegaram que houve discriminação pela opção sexual durante exibição do programa, comandado pela apresentadora Luciana Gimenez.

O casal disse que fora convidado a participar do programa para debater a homossexualidade e o preconceito enfrentado na sociedade. Segundo as duas -que são militantes do movimento LGBT ( Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis) - a discussão sobre o tema foi pautada por um "show bizarro", com "clima hostil" à opção sexual.


A ação também foi impetrada contra o advogado Celso Vendramini (participante do debate), acusado pelo casal de "trazer informações injuriosas" aos homossexuais em geral. Segundo a psicóloga e a agente pública, opiniões preconceituosas e comentários como "homossexuais deveriam viver entre duas paredes" foram levantados pelo convidado do programa.


Em defesa, a emissora alegou que o programa teve por objetivo "trazer aos telespectadores um melhor esclarecimento ao assunto" e que o casal participou sob livre espontânea vontade. A RedeTV! afirmou ainda que a discussão não foi premeditada e que as participantes poderiam ter solicitado se ausentar da polêmica.


O juiz Mário Sérgio Leite,responsável pelo caso, refutou a tese da emissora de que o debate não fora premeditado. "O programa já estava preparado para esse fim. Já no início as vinhetas apontavam para o tom do programa e, antes mesmo que o advogado Vendramini fosse chamado, foram lançados na tela os caracteres: 'Barraco, Gays brigam para adotar filhos".


Na ação, o juiz afirmou que houve excessos durante a exibição do programa. Segundo ele, os fatos não se limitaram a livre manifestação de pensamento, mas sim em comentários que violaram a honra e a imagem das convidadas. O resultado responsabiliza também a emissora pelas opiniões do advogado, participante do quadro do "Superpop". A decisão ainda cabe recurso. A informação é do site Consultor Jurídico.

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Internautas usam bigode em campanha contra Sarney


Marca registrada do protagonista da crise instalada há meses no Senado, o farto bigode do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), ganhou as páginas jornalísticas da Inglaterra. Intitulado “The great Brazilian moustache revolution” (algo como “a grande revolução brasileira do bigode”), um artigo veiculado no último dia 23 no jornal britânico The Guardian trata da “greve do bigode” que, lançada no Brasil por internautas antenados com as questões do país, manifesta o descontamento de eleitores com o comportamento dos políticos.

“Eles (os bigodes) já foram símbolos de poder e sofisticação. De Hulk Hogan [astro da luta livre e ator norte-americano] a Adolf Hitler, Albert Einstein e Edward Elgar [compositor britânico], o bigode estava em todo lugar“, diz a introdução do artigo, que estampa a foto de uma brasileira com um bigode preto obviamente falso. Pelas regras, só mulheres e crianças podem participar do manifesto virtual com bigodes falsos, segundo o blog responsável pelo movimento do bigode. Leia mais no site Congresso em Foco.

Deu n'O Globo: Sem PT, Sarney pode ser afastado

SARNEY POR UM TRIZ

Isabel Braga e Cristiane Jungblut

Presidente do Senado perde apoio entre aliados, que cobram solução rápida para crise

Fragilizado e sem a certeza de ainda ter maioria consolidada no Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), está sendo pressionado a decidir seu destino político em agosto, quando acaba o recesso do Congresso. Aliados da base governista no Senado apostam que Sarney não resistirá à pressão cada vez mais forte das ruas e tentarão articular uma solução negociada com o próprio Sarney. Hoje, o presidente do Senado não tem mais a certeza de que dispõe dos 41 votos necessários para barrar, no plenário da Casa, qualquer iniciativa de retirá-lo do cargo. Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discute a crise do Senado em reunião com ministros da coordenação política.

- O mês de agosto é um mês decisivo para o Senado. Precisamos dar um desfecho para a crise. O recesso está demonstrando a necessidade de posições mais firmes dos senadores, em sintonia com a população que cobra a saída de Sarney - afirmou o senador Renato Casagrande (PSB-ES).

A reunião antecipada do Conselho de Ética, antes do fim do recesso, está praticamente descartada. Mas, segundo Casagrande, ex-membro do Conselho, haverá uma batalha quando os conselheiros voltarem a se reunir. Isso porque o grupo de Sarney defende que, se o presidente do colegiado, Paulo Duque (PMDB-RJ), decidir engavetar as representações contra o presidente da Casa, o único recurso possível é levar o tema ao plenário do Conselho. Mas o entendimento é que o regimento prevê recurso ao plenário do Senado. Nesse caso, Sarney precisa ter 41 votos (entre os 80 colegas) para impedir tanto a abertura de processo, em caso de recurso, como de cassação. E sua base de apoio, sem o DEM e provavelmente sem o PT, está em torno de 40 votos.

- Eles, os aliados do presidente Sarney, dizem que o caso morre no Conselho. Mas, em tese, caberia recurso ao plenário da Casa. Se o Conselho aprovar a abertura de processo por quebra de decoro, Sarney é afastado automaticamente da presidência até o fim do processo, em plenário - explica Casagrande.

Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, Lula não deve fazer novas defesas públicas de Sarney, mas ainda quer a manutenção do aliado no comando do Senado, por temer que a oposição assuma o cargo em caso de licença. Nem mesmo os aliados acreditam que Lula volte a enquadrar o PT, cobrando um novo recuo da bancada no Senado, depois da nota do líder, senador Aloizio Mercadante (SP), pedindo a afastamento de Sarney até o esclarecimento das denúncias. Mas Lula, afirmam interlocutores, interpretou a nota não como uma mudança de postura da bancada, e sim como uma manifestação de Mercadante como líder.

Sarney ainda terá a semana do recesso parlamentar, mas em agosto tudo será retomado. Há os que avaliam que ele deverá seguir o mesmo caminho de Jader Barbalho (PMDB-PA) e Renan Calheiros (PMDB-AL), renunciando à presidência da Casa, depois de resistir, para manter o cargo de senador. Mesmo ressalvando a força de Sarney e a capacidade de dar a volta por cima, alguns senadores acreditam que a pressão forte das ruas poderá fazer com que os integrantes do Conselho de Ética forcem uma solução acordada, que evite maior desgaste.

A cúpula do PMDB monitora o desgaste imposto ao presidente do Senado, que em conversas tem reiterado que sua prioridade, neste momento, é a saúde de dona Marly, sua mulher, que está desde ontem internada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde deverá ser submetida a uma cirurgia ortopédica. Sarney está em São Paulo, acompanhando a situação de dona Marly.

O presidente do Senado continua disposto a não sair do cargo. Segundo um cacique do PMDB, o problema é que não haveria um nome de consenso dentro do partido, e com o aval de Lula, para um substituto.

- Partidariamente, não existe isso (decisão de renúncia). Se Sarney decidir, ele é o dono do mandato. E acho que ele não renunciará, ele está firme na presidência - afirmou o senador Wellington Salgado (PMDB-MG).

Integrantes do PMDB acreditam que, se a situação piorar, antes de se falar em renúncia, teria que se analisar a possibilidade de uma licença de Sarney. Isso poderia retirar o senador da linha de tiro, mas complicaria a situação do governo, que não aceita a oposição no comando da Casa (o vice-presidente do Senado é o senador tucano Marconi Perillo). Para um aliado do presidente do Senado, "além do desafio pessoal de Sarney, há o problema da governabilidade de Lula".

De volta da viagem ao Paraguai, Lula se reúne com a coordenação política hoje, às 10h. O ministro das Relações Institucionais, José Múcio, disse apenas que o presidente conversará "sobre tudo" com sua equipe.

- O presidente já disse qual é a posição dele e, evidentemente, não vai analisar cada episódio. Esta semana vamos saber se (a nota) foi uma posição isolada ou da bancada do PT em si - disse Múcio.

O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), demonstrou irritação com o tom da nota de Mercadante e afirmou que não conversou com ele sobre isso:

- A posição do partido é de que o que está denunciado seja apurado. Mas fazer qualquer movimentação para constranger o presidente Sarney a se licenciar é fazer parte do jogo daqueles que sempre querem retirar a pessoa do cargo. Agora, o presidente Sarney tem total autonomia para decidir - disse Berzoini, afirmando que a licença de Sarney poderia "criar uma insegurança no comando do Senado", porque quem assumiria a Casa seria Perillo (GO).

O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), disse que só na volta do recesso haverá novas reuniões para tratar do assunto e que eles e o PSDB já decidiram o que fazer: novas representações no Conselho de Ética. Para ele, esta semana, o necessário é saber até onde vai a separação de Lula e do PT.
- O Lula, num primeiro momento, entregou ao PT a responsabilidade de manter Sarney, e agora o Mercadante devolveu a responsabilidade a Lula - disse Agripino.

Na mesma linha, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), é cético. Ele acredita que, apesar do desgaste de Sarney, a base conseguirá adiar as reuniões do Conselho de Ética. E confirmou que o PSDB transformará as denúncias do líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM), em representações junto ao Conselho de Ética.

- Lula fez discurso de solidariedade, e o PT faz discurso crítico - disse o tucano, cobrando uma definição. (De O Globo)

PSDB pede hoje a cassação de José Sarney no Senado


O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), vai apresentar, hoje, à tarde, ao Conselho de Ética, representação contra o presidente do Senado, José Sarney, por quebra de decoro parlamentar, o que pode resultar na cassação do mandato do peemedebista. A informação foi dada ontem pelo vice-líder tucano, senador Alvaro Dias (PR).

Segundo Dias, a representação já está pronta e pede a punição máxima a Sarney. O PSDB entendeu que o presidente do Senado feriu o decoro parlamentar em vários episódios denunciados pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e também publicados pela imprensa. Amanhã, por volta das 11h, os senadores Sérgio Guerra e Alvaro Dias vão analisar a representação elaborada pelos advogados do partido.

De acordo com Dias, a representação “dá mais força” do que as quatro denúncias já apresentadas por Arthur Virgílio ao Conselho de Ética na qualidade de senador. “A representação dá mais força às denúncias. Ela tem mais respaldo. Não é um ato unilateral de um senador, é a compilação das denúncias pelo partido. O PSDB assume a responsabilidade pelas denúncias do senador Arthur Virgílio”, afirmou o vice-líder tucano. “A representação implica em afirmar que houve quebra de decoro parlamentar. O PSDB cumpre seu dever, que é representar”, acrescentou.

Pelas normas regimentais, somente os partidos políticos podem apresentar representações ao Conselho de Ética propondo a instauração de processos “políticos” para a cassação de mandato. Individualmente, parlamentares podem apresentar denúncias contra senadores propondo a apuração de determinados fatos.

Dias acredita que o Conselho de Ética deve julgar em função do “conjunto da obra” apensando todas as denúncias e representações que possam existir até agosto. Segundo Dias, apenas o senador Papaléo Paes (PSDB), eleito pelo Amapá, como Sarney, não apoia a representação.

Em relação a um eventual pedido de afastamento do presidente do Conselho de Ética, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), aliado político de Sarney, o tucano disse preferir aguardar a primeira reunião do colegiado, após o recesso parlamentar, para avaliar a conduta de Duque. “Se ele tiver uma atuação regimental não há o que questionar. Obviamente, se o regimento não for respeitado cabe o protesto da oposição e medidas que possam advir do desrespeito ao regimento”, disse Alvaro Dias.

Dias argumentou ainda que cabe ao Conselho de Ética julgar politicamente parlamentares acusados de quebra de decoro parlamentar e que essa investigação “não prescinde” de provas materiais. “Elas são importantes, mas no conselho o julgamento é político”, reforçou.

Caso a representação seja aceita pelo presidente do conselho e instaurado o processo de cassação, o julgamento no colegiado se dá em votação aberta. Para ser levado ao plenário da Casa, é preciso que a maioria dos conselheiros aprove o pedido de cassação. A decisão final sobre a perda do mandato parlamentar é tomada por todos os senadores em votação secreta.

Grampo liga Sarney a dono de empreiteira investigado pela PF


* Em gravação, Zuleido Veras, da Gautama – responsável por obra sob suspeita no Amapá –, diz que está indo à casa do senador; ele nega tê-lo recebido

* Em outra conversa, Zuleido, que foi preso durante a Operação Navalha, diz que a ampliação do aeroporto de Macapá “é obra de Sarney”

POR HUDSON CORRÊA
e LEONARDO SOUZA
Da Folha de S. Paulo

Em diálogos até agora inéditos, captados pela Polícia Federal com autorização judicial, o empreiteiro Zuleido Veras, dono da construtora Gautama, diz que não faltaria dinheiro para um empreendimento em Macapá porque “é obra de Sarney”. Numa outra conversa, em Brasília, Zuleido diz que já estava chegando à casa do senador. O empreiteiro foi o principal alvo da Operação Navalha, deflagrada em abril de 2007 para investigar fraudes em licitações de obras públicas. Ele foi preso ao lado de executivos e lobistas da empreiteira, indiciado por formação de quadrilha, corrupção e tráfico de influência e denunciado pelo Ministério Público.

As interceptações (veja transcrições dos trechos principais abaixo; escute áudio no portal do JP) são de julho e agosto de 2006. Na época, a construtora de Zuleido ampliava o aeroporto de Macapá. Trata-se da principal obra pela qual Sarney se empenhou no Amapá, estado pelo qual foi reeleito em 2006.

Obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) orçada em R$ 112 milhões, a ampliação do aeroporto de Macapá é alvo de outro inquérito, aberto em junho. A PF apura sobrepreço de R$ 17 milhões na obra, que era tocada pela Gautama e pela construtora Beter.

Já haviam vindo a público menções ao envolvimento da família Sarney com Zuleido, e se sabia, por exemplo, de referências à ocupante do governo do Maranhão, Roseana Sarney e conversas gravadas entre o empreiteiro e Ernane Sarney, irmão do senador.

No entanto, não havia até agora um elemento que ligasse diretamente Zuleido a Sarney. Em 4 de julho de 2006, o empreiteiro fala com uma pessoa identificada pela PF apenas como Mauro Viegas. [O Jornal Pequeno apurou que seria Mauro Viegas Vieira Filho, presidente executivo da Concremat Engenharia e Tecnologia S/A]. Ele afirma a Zuleido que está “uma turma aqui, o José Alcure, que vai estar em Brasília até amanhã sobre o assunto lá do Macapá, que você é o titular daquela coisa lá que está devagar”. [José Alcure não foi devidamente identificado no relatório, mas o Jornal Pequeno apurou ser José Alcure Neto, diretor executivo da Concremat].

”Tem uma porção de boatos. Aí eu botei lá, mobilizei minha turma mês e pouco atrás, achando que a coisa ia e a coisa está ali naquele marasmo”, reclama Viegas. “De concreto hoje mesmo parece que tem dez pratas pra gastar para todo mundo até dezembro”, diz.

Zuleido o tranqüiliza: “Acho que vai ser resolvido. (...) Com certeza, porque aquele negócio ali é obra de Sarney, não é um negócio que está solto, não”. Já no dia 9 de agosto de 2006, Zuleido diz às 17h33 que vai “chegar à casa do Sarney já, já”.

Naquele dia ele estava em Brasília e três horas antes havia marcado um encontro com uma pessoa que a PF identifica como Ernane - este é o nome do irmão de Sarney.

Há ainda uma terceira conversa envolvendo Sarney. Em julho de 2006, a diretora comercial da Gautama, Maria de Fátima Palmeira, fala com um homem identificado pela PF como “José Ricardo”. Ele diz que no momento da conversa estava no “gabinete do presidente Sarney” em Brasília e que viajaria depois “com o presidente”. “Vou no avião dele.”

[Nota do JP: Apesar desses e de outros indícios de envolvimento de integrantes da família Sarney com os negócios escusos de Zuleido Veras, nenhum membro do clã foi indiciado pela Justiça como resultado da Operação Navalha].

Veja os ‘grampos’ que ligam Sarney a Zuleido Veras, da Gautama

GRAVAÇÃO 1

(4 de julho de 2006)

Mauro Viegas – Dr. Zuleido? É o Mauro Viegas.

Zuleido Veras – Como é que tá você, meu irmão?

MV – Na luta, como Deus me deixa...

ZV – Mas tá deixando muito bem... Diga aí, Mauro.

MV – Eu tô com uma turma aqui, o José Alcure, que vai estar em Brasília até amanhã, sobre o assunto lá de Macapá, que você é o titular daquela coisa lá, que está devagar...

ZV – Verdade, verdade...

MV – E tem uma porção de boatos. Aí eu botei lá, mobilizei minha turma mês e pouco atrás, achando que a coisa ia, e a coisa está ali, naquele marasmo.

ZV – Certo.

MV - De concreto hoje mesmo parece que tem dez pratas pra gastar para todo mundo até dezembro.

ZV – É, mas eu acho que vai ser resolvido...

MV – Você acha que vai ser resolvido?

ZV – Com certeza, porque aquele negócio ali é obra de Sarney, não é um negócio que está solto, não.

MV – Eu sei, eu sei. Eu sei inclusive que você está fazendo uma festa danada em outras bandas por lá. Eu queria que você pensasse aqui no amigo pra gente trabalhar também...

ZV – Tá bom, vamos trabalhar juntos...

MV – Você tem vindo ao Rio?

ZV – Não... Só tem negócio aí pra Delta. Quando você vier praqui me procura.

MV – Eu vou na semana que vem.

ZV – Me procura. Eu estou sempre por aqui. Nas terças-feiras eu estou sempre aqui.

MV – Eu vou na terça que vem. Eu vou te ligar pra ver se a gente toma um negócio no final do dia aí...

ZV – Tá bom. Um abraço, Mauro.

MV – Prazer te falar... O José Alcure, qualquer coisa ele vai te ligar. Tá aqui na minha frente, é o nosso diretor.

ZV – Tá bom, dê um abraço nele...

GRAVAÇÃO 2

(9 de agosto de 2006)

Zuleido Veras (antes de atender o telefone) – Vou chegar na casa do Sarney, já, já...

ZV – Alô.

[Alguém que se identificaria como Bolívar] – Zuleido?

ZV – Quem é?

B – É Bolívar.

ZV – Marcaram uma reunião hoje na Infraero...

B – Não, a reunião seria amanhã de noite. O Alberto marcou comigo essa reunião amanhã de noite. Ele me ligou agora dizendo que o Adenauer chamou ele lá, que tava na frente do Adenauer e não podia falar comigo. Ele mudou toda a programação...

ZV – Ele é líder agora, é?

B – Não, não. Ele não é líder nada.

ZV – Por que tá fazendo esta reunião?

B – Não sei. Ele tinha marcado comigo. Queria falar com a Gautama e a Beter.

ZV – Ele é muito metido, rapaz. Ligue pro Adenauer, você não tem acesso ao Adenauer?

B – Tenho, tenho.

ZV – OK.

Sarney lidera ‘ranking’ dos mais faltosos do Senado


Ele não compareceu a 17 das 60 sessões plenárias no 1º semestre, mostra pesquisa

A estratégia do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de evitar o plenário nos últimos meses para não enfrentar cobranças para que se afaste do cargo rendeu ao peemedebista a liderança no ranking dos mais faltosos da Casa. Segundo levantamento do site Congresso em Foco, Sarney foi o senador que mais faltou às sessões no primeiro semestre. Ao todo, não compareceu em 17 das 60 sessões.

Na seqüência, aparece o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), um dos principais defensores do presidente do Senado, com 12 faltas, sem pedido de licença. O líder do DEM, José Agripino Maia (RN), ocupa a terceira colocação porque registrou nove ausências e não apresentou justificativa.

Na outra ponta, aparece o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), que compareceu a todas as sessões. A segunda colocação foi disputada entre os senadores Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), Eliseu Resende (DEM-MG) e Marco Maciel (DEM-PE). Os três compareceram ao plenário 59 vezes e quando não o fizeram foi para participar de missão política, com a licença devidamente registrada nos canais oficiais da Casa.

De acordo com o estudo, os 81 senadores somaram 185 faltas sem justificativa, o que equivale a 4,5% do total de presenças registradas em plenário. As ausências diminuíram em relação a 2007, quando o percentual de faltas era de 16%. Já os pedidos de licença chegaram a 598 no primeiro semestre deste ano, número muito maior do que o registrado em relação ao primeiro levantamento.

A assessoria do presidente do Senado afirmou que ele é um dos parlamentares mais presentes na Casa, comparecendo de segunda-feira a sexta-feira. Segundo os assessores, a ausência em plenário é motivada pela extensa agenda de trabalho, inclusive, representando o Legislativo em cerimônias.

Na última sessão da Casa no primeiro semestre, Sarney fez um discurso para tentar minimizar os efeitos da crise na Casa Legislativa. Ele disse ser perseguido pela imprensa, mas garantiu que reerguerá a imagem do Senado.

Sarney se defendeu afirmando que jamais praticou um ato que não fosse amparado em sua conduta ética. “Meu trabalho exige a sedimentação de uma profunda consciência moral de minhas responsabilidades, a obstinada decisão de não cometer erros e jamais aceitar qualquer arranhão nos procedimentos éticos que devem nortear minha conduta. Não são palavras. São 50 anos de assim proceder.”

Ele ainda citou palavras do filósofo Lucius Aneu Sêneca: “As grandes injustiças só podem ser combatidas com três coisas: silêncio, paciência e tempo”.

O discurso de Sarney foi acompanhado por apenas cinco parlamentares. Sarney não enfrentou grandes constrangimentos.

(Folha Online)

Deu na Folha de S. Paulo: Sócio de Dantas fez doação para Sarney


Empresário no porto de Santos bancou 17% da campanha do senador, que indicou diretor de agência que regula o setor

O grupo de Richard Klien detém 30% da Santos Brasil, que administra o terminal de contêineres; Dantas tem 39%, e Dório Ferman, 30%

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O senador José Sarney (PMDB-AP) recebeu em 2006, como doação para a campanha que o reelegeu, R$ 270 mil do empresário Richard Klien, sócio do banqueiro Daniel Dantas, indiciado pela Operação Satiagraha, da Polícia Federal, e condenado no ano passado por corrupção pela 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo.

A filha do senador, Roseana, recebeu de Klien mais R$ 240 mil para sua candidatura derrotada ao governo do Maranhão -ela acabou tomando posse em abril, depois que o eleito foi cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O clã Sarney ficou com 83% do total doado pelo empresário em 2006 -17% dos gastos totais da campanha de Sarney.

Os outros candidatos apoiados pelo empresário em 2006 foram Jandira Feghali (PC do B-RJ) e Índio da Costa (DEM-RJ), com R$ 50 mil cada um.

No ano passado, Klien doou R$ 250 mil para o Diretório Nacional do PT, em Brasília, e o suplente do conselho de administração da empresa, Thomas Klien, doou R$ 150 mil para o Diretório Nacional do PSDB.

Richard Klien é sócio de Daniel Dantas na Santos Brasil, que administra o terminal de contêineres do porto de Santos (SP), privatizado em 1997. A empresa é considerada a maior do setor na América Latina, com uma receita bruta de R$ 818,5 milhões no ano passado.

A política sobre os portos no Brasil está na área de influência de Sarney. É indicação dele o atual diretor-geral da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), Fernando Antonio Brito Fialho, que foi diretor da Emap (Empresa Maranhense de Administração Portuária). Seu pai, Vicente, foi prefeito de São Luís (MA) e trabalhou com Sarney.

Fialho tomou posse em julho de 2006 e foi reconduzido ao cargo em 2008. Ele negou à Folha qualquer ingerência do senador na Antaq. "Jamais. Eu tenho, sim, uma grande amizade pelo senador Sarney e minha indicação ocorreu dentro de um ambiente político, mas respaldado no critério técnico. Eu tinha experiência na área. Eu não sofri, em momento algum, nenhum tipo de pressão ou pedido", disse Fialho.

A Antaq, vinculada ao Ministério dos Transportes, é a agência encarregada de regular e fiscalizar a exploração dos portos, entre outras atribuições.

As medidas baixadas pela agência têm impacto direto nas atividades da Santos Brasil. Gravações telefônicas feitas com ordem judicial na Operação Satiagraha mostraram representantes de Dantas no conselho da Santos Brasil assustados com a possibilidade de mudança de regras no setor, então em estudo pela Antaq. Chegaram a levantar suspeitas contra a senadora Kátia Abreu (DEM-GO) que não se confirmaram -ela reagiu e ameaçou processar os detratores.

Richard Klien -que não foi investigado pela Operação Satiagraha- é sócio de Dantas desde 1997, quando criaram o consórcio que levou o terminal de Santos. Eles reforçaram a sociedade em 2006, com a consolidação da participação do Opportunity no bloco de controle da empresa e o aumento da participação do grupo de Klien. Ele adquiriu cotas dos outros sócios originais do consórcio, a Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil), a Sistel (fundação de seguridade social) e o conglomerado bancário americano Citigroup.

Por meio do Opportunity Fund, criado no paraíso fiscal das Ilhas Cayman, Dantas detém 39% da empresa. Outros 30% pertencem à empresa PW237, cujo dono é Dório Ferman, presidente do banco Opportunity e próximo de Dantas. Mais 30% das ações estão nas mãos da empresa de Klien, o Grupo Fink.

O conselho administrativo da Santos Brasil, presidido por Klien, tem como membros a irmã de Dantas, Verônica, e outros dois executivos indiciados pela Operação Satiagraha.

A Santos Brasil é referida na denúncia apresentada pelo procurador da República Rodrigo de Grandis no bojo da Operação Satiagraha.

Em depoimento, o presidente da Santos Brasil, Wadi Jasmin, afirmou que o publicitário Guilherme Sodré fora contratado pela empresa, com salário que variava de R$ 20 mil a R$ 30 mil mensais, "apenas para agendar reuniões com políticos". Disse que Sodré "consegue agendar reuniões de diversos partidos políticos", com o objetivo de fornecer "as tendências gerais da política".

O procurador também pediu a abertura de um inquérito policial específico para investigar os cotistas que formam o fundo do Opportunity em Cayman, sócio da Santos Brasil.

Senador diz desconhecer a sociedade


A assessoria do senador José Sarney (PMDB-AP) informou, por e-mail, que o empresário Richard Klien "sempre foi um doador declarado na Justiça de campanhas eleitorais".

Segundo a assessoria, José Sarney desconhecia que Klien fosse sócio de Daniel Dantas, com quem teria estado apenas uma vez, num encontro aberto.

O senador disse não se recordar se, alguma vez, relatou projeto de lei na área de portos. A assessoria informou ter feito um levantamento nos arquivos do Senado e localizado apenas um, da década de 70, cujo parecer do senador foi pela inconstitucionalidade de uma tentativa de isenção de contribuições previdenciárias na área dos portos.

Klien, procurado desde a semana passada, não foi localizado. A assessoria da Santos Brasil informou que as doações do empresário foram feitas "em caráter privado", sobre as quais "não influem considerações dos sócios ou do conselho administrativo da empresa".

A assessoria do banco Opportunity informou que Dantas e o banco "nunca discutiram com Klien suas doações pessoais para campanha". Informou ainda que Dantas já esteve com Sarney, mas que o banqueiro "nunca tratou de financiamentos eleitorais" com ele, e negou irregularidades no trabalho do publicitário Guilherme Sodré. (RV)

sábado, 25 de julho de 2009

Fernando é dono do Sport Club Maranhão do Sul




Por Oswaldo Viviani

O Centro de Treinamento (CT) que Fernando Sarney possui em Imperatriz, de que trata a reportagem da Folha de S. Paulo, na verdade é um clube de futebol-empresa – o Sport Club Maranhão do Sul Ltda., localizado no Km-5 da na avenida Pedro Neiva de Santana, que interliga os municípios de Imperatriz e João Lisboa.

Fernando Sarney é notoriamente o dono do clube, mas o nome que aparece como presidente do Maranhão do Sul é o de Nílson Barbosa. O presidente da Federação Maranhense de Beach Soccer, Eurico Pacífico de Souza Júnior, ligado a Fernando, também atua no clube, “garimpando” os melhores jogadores na Copa de Futebol Sub-20, que organiza no Maranhão, para depois negociá-los com outros times – de preferência do eixo Rio-São Paulo.

CASO BRUNO CHOCOLATE – Marília (São Paulo) e Cruzeiro (Minas Gerais) são alguns dos times brasileiros que já utilizaram jogadores emprestados do Maranhão do Sul.
O meia BRUNO CHOCOLATE, hoje com 19 anos, foi negociado com o Marília em 2007 para disputar a Copa São Paulo e depois foi vendido ao Cruzeiro. De acordo com o pai de Bruno, Francisco Braga de Carvalho, na ocasião o dirigente Eurico Pacífico exigiu 20% do valor da venda, com o que Francisco não concordou.
BRUNO CHOCOLATE acabou sendo negociado com o Cruzeiro diretamente pelo pai. O valor da transação foi de cerca de R$ 200 mil, com salários de perto de R$ 3 mil mensais e contrato de 5 anos.

O CT do Maranhão do Sul conta com cinco campos, sendo um de grama sintética, e mais uma arena de areia. Além da parte esportiva, os atletas recebem alimentação e assistência médica e odontológica.

O Maranhão do Sul trabalha com seis diferentes categorias (sub-11, sub-13, sub-15, sub-17, sub-20 e profissional).

Fernando Sarney omite centro de futebol em Imposto de Renda

* Em diálogo gravado pela Polícia Federal, vice-presidente da CBF afirma ter centro de treinamento

* Fifa veda aos dirigentes de suas entidades negócios que se traduzam em ganhos para si mesmos

Por Leonardo Souza
Da Folha de S. Paulo

Em diálogo captado pela Polícia Federal, o empresário Fernando Sarney, vice-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), diz manter um negócio de venda de jogadores de futebol no Maranhão. O empreendimento não está declarado em seu Imposto de Renda do ano passado, segundo a Folha apurou.

Na conversa, gravada com autorização da Justiça, o filho do senador José Sarney (PMDB-AP) conta a um interlocutor não identificado que possui um centro de treinamento com 28 jogadores em Imperatriz (MA) e que no ano passado vendeu quatro deles para o clube Cruzeiro (MG).

O código de ética da Fifa veda aos dirigentes de suas entidades associadas, como a CBF, a realização de negócios que representem conflito de interesses e que se traduzam em ganhos financeiros pessoais, para parentes e amigos.

Uma das normas da Fifa determina também que a negociação de jogadores seja feita por agentes credenciados por suas entidades associadas. Fernando Sarney não está e nem poderia ser credenciado como agente na CBF por ser vice-presidente da entidade. A CBF informou que não iria se manifestar sobre o assunto por desconhecer a atividade exercida por Fernando e a investigação da PF.

A reportagem tentou falar com Fernando e seu advogado, Eduardo Ferrão. Foram deixados recados na TV Mirante, dirigida por Fernando, e no escritório do advogado, mas eles não ligaram de volta. O diálogo foi captado na Operação da PF, acompanhada pelo Ministério Público e pela Justiça Federal. Fernando Sarney foi indiciado por quatro crimes e é apontado como chefe de uma quadrilha que praticava tráfico de influência no governo, principalmente no setor de energia, comandado politicamente por seu pai.

A conversa sobre a venda de jogadores se deu no dia 27 de março do ano passado, às 10h10. Seu interlocutor não foi identificado pela PF, mas chama Fernando de “tio”. ”Outra coisa: eu tenho hoje um CT [centro de treinamento], eu tenho 28 jogadores permanentes, até 17 anos, ótimos meninos. Quando você entrar nesse negócio aí, se tiver alguém de fora, Europa, você se lembra de mim, que a gente pode ganhar uma grana boa, tá bom?”, diz Fernando. “Tá bom. Depois a gente conversa direito, porque tem esse cara aí”, diz o interlocutor.

”Esse cara, um dia desses, se quiser ir lá vai ficar empolgado. Eu tenho um negócio que, aqui em São Paulo, só o São Paulo tem, nem o Corinthians tem. Alojamento, os meninos moram lá. Eu vendi quatro para o Cruzeiro. Lindo!”, completa Fernando. O filho de Sarney tem uma participação ativa na CBF. Em fevereiro deste ano, por exemplo, chefiou a delegação da seleção brasileira no jogo contra a Itália, em Londres.

De acordo com as conversas captadas pela PF, Fernando atua em diferentes áreas empresariais e políticas. Além de comandar o conglomerado de comunicação da família, que inclui uma afiliada da Rede Globo, rádios e jornal, ele, segundo a PF, é sócio oculto do Grupo Marafolia (que realiza eventos festivos) e participa da indicação de cargos em estatais do setor elétrico. Fernando nega quaisquer irregularidades.

Feudo de Agaciel serviu para acomodar aliados de Sarney

Diretoria-geral tem cerca de 200 vagas comissionadas, que também foram usadas para abrigar indicados de Renan e Mão Santa, tudo por atos secretosLeandro Colon

A nomeação do namorado da neta do presidente José Sarney (PMDB-AP) na diretoria-geral do Senado confirma que o ex-diretor Agaciel Maia usava as vagas de confiança do órgão como instrumento de poder para agradar aos senadores. A diretoria-geral possui cerca de 200 vagas comissionadas disponíveis para um pequeno espaço no terceiro andar do prédio principal do Senado. Muitos desses cargos foram criados por atos secretos.

Agaciel aproveitou para empregar indicados de Sarney, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Mão Santa (PMDB-PI), entre outros. No dia 26 de março de 2008, ele nomeou Rosângela da Silva Mourão para trabalhar na diretoria-geral. Mas ela sempre prestou serviços a Mão Santa no Piauí.

Outro ato confirma isso: no dia 2 de abril, uma semana depois, Rosângela foi nomeada para o gabinete do senador piauiense. Esqueceram-se de cancelar o ato que a colocava na diretoria-geral.

Só no mês seguinte um ato secreto cancelou essa medida. Procurado pelo Estado, Mão Santa não soube explicar a confusão. "Eu não sei o que ocorreu. Ela faz de tudo aqui no Piauí", afirmou. O advogado Walter Agra Júnior é assistente parlamentar da diretoria-geral desde 2007. Mas ele não cumpre expediente no Senado. Mora na Paraíba, onde é ligado ao senador Efraim Morais (DEM-PB). Na época da nomeação de Agra, Efraim era o primeiro-secretário do Senado.

Um ato secreto nomeou em 8 de abril 2005 José Góis Machado para trabalhar, teoricamente, no mesmo andar de Agaciel. Ele mora distante do Senado. Machado é aliado de Renan em Alagoas. Passou dois anos na folha de pagamento do Senado. Foi exonerado em outubro de 2007, também por ato secreto.

A secretária particular de Sarney se enquadra em caso semelhante. Assim como Henrique Dias Bernardes - que namorava a neta do senador quando ganhou emprego na diretoria-geral, cujo titular, por 14 anos, foi Agaciel -, ela aparece como funcionária do gabinete da mesma diretoria, segundo o Portal da Transparência do Senado.

O caso de Maria Vandira é curioso porque chega a ser o desvio do desvio de função. Foi nomeada, por ato secreto, em 30 de dezembro de 2003 para trabalhar como "assessor técnico" na Secretaria de Informática, conhecida como Prodasen. Na época, Sarney presidia a Casa pela segunda vez.

O ato foi assinado por Agaciel, mas Vandira nunca prestou serviços à área. Muito menos na diretoria-geral, onde hoje está lotada. Independentemente do local onde oficialmente ficou nos últimos 20 anos, nesse período ela sempre esteve com Sarney. O senador foi padrinho de seu casamento em 2007, numa festa para cerca de 800 convidados, incluindo toda a família Sarney. Caso parecido é o de Saib Barbosa Dib - é lotado na diretoria-geral desde 2003, mas trabalha para Sarney. É responsável pelo blog do senador.

TERÇO

Desde quarta-feira, quando o Estado revelou as gravações que ligam Sarney aos atos secretos, um apelo especial foi feito a um grupo de senhoras que se reúne todas as manhãs na gráfica do Senado para rezar o terço. Maria Perpétuo do Socorro de Araújo Cunha - frequentadora assídua da turma - pediu uma oração pelo futuro de Sarney.

Socorro foi nomeada por ato assinado pelo próprio senador em 1995. Maranhense e ex-assessora de Sarney, ela trabalha no serviço de atendimento ao usuário da gráfica.

O amapaense Janary Carvão Nunes é assessor do Interlegis, programa de ensino legislativo digital do Senado. Foi nomeado em outubro de 2004, durante a gestão Sarney. É filho de Janary Nunes, que governou o território do Amapá nos anos de 1950, quando ainda não era Estado.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

ESCÂNADALO NO SENADO:Gravações revelam atuação da família Sarney na Justiça


O ESTADO DE SÃO PAULO

Num dos diálogos gravados pela Polícia Federal, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), telefona para avisar o filho Fernando Sarney sobre o andamento de um dos recursos apresentados pelos advogados da família ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), para ter acesso aos autos da investigação. O parlamentar orienta o filho a procurar um "amigo", que poderia ajudar. Em várias conversas interceptadas pela PF com autorização judicial, os Sarney demonstram intimidade com integrantes do Poder Judiciário.

"O processo foi distribuído, o novo, para o Gallotti (ministro Paulo Gallotti, então relator do processo)", diz Sarney a Fernando. Em seguida, o pai manda que o filho procure o tal "amigo" para tratar do assunto: "Se pudesse falar com o teu amigo pra dar uma palavrinha, tá?" Precavido, o filho sugere um encontro pessoal. "É, mas isso eu tenho que fazer pessoalmente. Pegar um avião e ir aí (a Brasília) segunda, né?" Sarney manda Fernando resolver por telefone mesmo.

A conversa ocorreu em 28 de março de 2008. Na data, um dos advogados da família, Eduardo Ferrão, dera entrada, no STJ, com o segundo recurso para tentar ter acesso ao inquérito que deu origem à Operação Boi Barrica. Obteve êxito. Em 9 de abril, o ministro Paulo Gallotti, hoje aposentado, concedeu liminar que deu ao advogado direito de vista de um dos inquéritos da operação.
Não foi só uma vez que Sarney apareceu nos telefonemas tratando da investigação. Em pelo menos três diálogos, ele demonstra preocupação com o inquérito. Em agosto, quando a PF e o Ministério Público (MP) levaram à Justiça Federal do Maranhão o pedido de prisão de Fernando, o monitoramento revelou movimentos dos Sarney que, para investigadores, demonstram que foram alertados. Num dos diálogos, o próprio Sarney pediu a Fernando que viajasse, com urgência, a Brasília.

Futebol não é coisa de maricas"Exaltado, Herrera desabafa: "Quando trouxer juiz de fora, a coisa melhora


Mesmo sem ter errado em nenhum lance capital na partida, a arbitragem foi alvo de duras críticas por parte dos jogadores do Grêmio, após a derrota por 1 a 0 para o Avaí, nesta quarta-feira. O jogo foi comandado pelo carioca Felipe Gomes da Silva, que fazia a sua estreia no Campeonato Brasileiro.

"Com uma arbitragem desse jeito está virando palhaçada. Está virando o futebol de maricas. Se trouxer uma arbitragem de fora melhora", declarou o indignado Herrera. O argentino estava tão exaltado com a atuação de Silva, que foi substituído para não ser expulso mo decorrer da segunda etapa.

A principal reclamação gremista foi em relação ao grande número de cartões amarelos recebidos pelos jogadores da equipe. Ao todo, foram sete amarelados pelo lado tricolor.

"A arbitragem é muito ruim. Assim não dá vontade de jogar fora de casa", esperneou o lateral Fábio Santos.

Em seis jogos esta foi a quinta derrota do Grêmio atuando fora do Olímpico. O time tem o pior aproveitamento do Campeonato Brasileiro atuando como visitante. Em contraste, o retrospecto dos pendurados foi grande. Dos quatro gremistas que entraram pendurados em campo, três (Fábio Santos, Réver e Maxi López) receberam o terceiro cartão amarelo. O único a se safar foi o meia Tcheco.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

ESCÂNDALO DO SENADO:Gravação liga Sarney a atos secretos


Em conversa com o filho, ele se compromete a falar com Agaciel e sacramenta nomeação de namorado da neta

Rodrigo Rangel,
BRASÍLIA


Uma sequencia de diálogos gravados pela Polícia Federal com autorização judicial, durante a Operação Boi Barrica, revela a prática de nepotismo explícito pela família Sarney no Senado e amarra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), ao ex-diretor-geral Agaciel Maia na prestação de favores concedidos por meio de atos secretos. Em uma das conversas, o empresário Fernando Sarney, filho do parlamentar, diz à filha, Maria Beatriz Sarney, que mandou Agaciel reservar uma vaga para o namorado dela, Henrique Dias Bernardes.

Ouça a seguir os diálogos que ligam Sarney a atos secretos e a favores de Agaciel:



Diálogo 1 (30/3/2008 - 15h14min04s): Neta do presidente do Senado negocia com o pai, Fernando Sarney, cargo para o namorado na Casa



Diálogo 2 (31/3/2008 - 11h34min54s): Neta do presidente do Senado negocia com o pai, Fernando Sarney, cargo para o namorado na Casa



Diálogo 3 (01/4/2008 - 15h57min00s): Neta do presidente do Senado negocia com o pai, Fernando Sarney, cargo para namorado na Casa



Diálogo 4 (01/4/2008 - 21h00min53s): Neta do presidente do Senado negocia com o pai, Fernando Sarney, cargo para o namorado na Casa



Diálogo 5 (02/4/2008 - 09h36min17s): Filho do presidente do Senado, Fernando Sarney, tenta agilizar a contratação do namorado da filha



Diálogo 6 (02/4/2008 - 10h32min21s): Filho do presidente do Senado, Fernando Sarney, fala com o pai e pede que ele dê "uma palavrinha com Agaciel" para a contratação e os dois conversam sobre "negócio da TV"



Diálogo 7 (25/03/2008 - 19h31min29s): Filho do presidente do Senado, Fernando Sarney, conversa com o filho João Fernando sobre o emprego dele como funcionário do senador Epitácio Cafeteira



Em conversa com o filho, alvo da investigação, Sarney caiu na interceptação. Segundo a gravação, o senador se compromete a falar com Agaciel para sacramentar a nomeação. O namorado da neta foi nomeado oito dias depois, por ato secreto.

Segundo a PF, a mobilização da família começa na tarde de 30 de março de 2008, quando a neta do senador liga para o pai, indagando se não dava "pro Henrique (seu namorado) entrar na vaga". Bernardo Brandão Cavalcanti Gomes, irmão de Bia por parte de mãe, acabara de pedir demissão do Senado, onde estava desde 2003. "Podemos trabalhar isso, sim", respondeu Fernando à filha.

Já na primeira conversa, Fernando demonstra conhecer o caminho para efetivar a nomeação. "Amanhã de manhã cedo tu tem que me ligar, pra eu falar com Agaciel", diz. Referia-se a Agaciel Maia, o então todo-poderoso diretor-geral do Senado, alçado ao posto em 1995 pelas mãos de José Sarney, em sua primeira passagem pela presidência da Casa.

No diálogo, pai e filha tratam da vaga como se fosse propriedade da família. Fernando cumpre o prometido. No dia seguinte, diz: "Já falei com o Agaciel. Peça ao Bernardo pra procurar o Agaciel." E passa a relatar a conversa com o diretor-geral. "Eu disse: mas pelo menos, ô Agaciel, segura a vaga."

Segundo Fernando, Agaciel lhe pediu que conversasse sobre o assunto com Sarney, porque a nomeação dependia, formalmente, da chancela de Garibaldi Alves (PMDB-RN), à época presidente do Senado. "Eu vou falar com o papai ou mesmo com o Garibaldi amanhã aí em Brasília, quando eu for, amanhã ou depois, pessoalmente, porque é o único jeito de resolver." Fernando finaliza o telefonema dando uma orientação à filha - ao pedir para levarem a Agaciel o currículo do namorado de Bia, ele pede para informar: "Ó, a pessoa que o Fernando quer botar é essa aqui."

Foram quatro dias de troca de telefonemas até o assunto ser resolvido. No terceiro dia, Bia liga para Fernando. Diz que o irmão, de saída do Senado, já tinha ido até Agaciel, conforme orientação do pai. O ex-diretor não ficara com o currículo do namorado, repetindo o discurso de que era preciso, primeiro, autorização de Garibaldi.

SARNEY EM CENA

Fernando recorre, então, a um atalho: "Vai lá em casa hoje à noitinha, e entrega pro ajudante de ordem do seu avô, ou o Picollo ou o Aluísio, o currículo do Henrique", orienta. A neta entende que era preciso de uma mãozinha do avô.

Ainda naquele dia, após a visita à casa do avô para levar o currículo, Bia telefona novamente para o pai. "Falei com vovô", diz. Em seguida, relata ao pai que Sarney mostrara contrariedade por não ter sido avisado com antecedência sobre a demissão de Bernardo: "Ele falou assim: Ah, você tinha que ter falado antes pra eu já agilizar."

No dia seguinte, 2 de abril de 2008, quarta-feira, Fernando pega o telefone e liga para um dos ajudantes de ordem de Sarney, Aluísio Mendes Filho, e explica a situação. Ele queria que o pai desse a ordem a Agaciel para efetivar a nomeação.

A explicação de Fernando é o resumo de uma confissão do nepotismo: "O irmão da Bia, quando papai era presidente do Senado, eu arrumei um emprego pra ele lá. Ele agora tá saindo e eu liguei pro Agaciel pra ver a possibilidade de botar o namorado da Bia lá, porque me ajuda, viu, é uma forma e tal de dar uma força pra mim. E o irmão tá saindo, é uma vaga que podia ser nossa." No fim, ele diz o que faltava para a nomeação: "Uma ligação de papai pro Agaciel."

Menos de uma hora depois, o próprio Sarney liga para o filho. "Olha, você não tinha me falado o negócio da Bia", protesta. Na visão do senador, a demissão não deveria ter sido solicitada até que a nomeação do namorado de Bia estivesse resolvida. "Mas ele (Bernardo) entrou logo com um pedido de demissão", reclama. Sarney pergunta: "Já falou com Agaciel?" Recebe uma resposta afirmativa e promete interceder. "Tá bom. Eu vou falar com ele."

NOMEAÇÃO

A conversa entre pai e filho se deu às 10h32 de 2 de abril, segundo a PF. No dia 10 do mesmo mês, foi assinado o ato que nomeou Henrique, namorado de Bia, para assessor parlamentar 3, com salário de R$ 2,7 mil.

Os diálogos foram captados no curso da Operação Boi Barrica, rebatizada pela Polícia Federal de Operação Faktor depois de reclamações do conjunto folclórico maranhense que inspirou o nome da ação. O grupo de boi-bumbá Boizinho Barrica tem os Sarney como padrinhos.

A operação, iniciada há quase três anos para investigar negócios envolvendo empresas da família no Maranhão, acabou por esbarrar em suspeitas de corrupção em órgãos do governo federal comandados por apadrinhados de Sarney.

O caso da nomeação do namorado da neta de Sarney não é único. Desde que o Estado revelou, em junho, a existência de centenas de atos editados secretamente pelo Senado para esconder nomeações de parentes de senadores e outras decisões impopulares, apareceram vários familiares e agregados do presidente do Senado pendurados na folha de pagamento da Casa. A lista inclui, por exemplo, irmão, cunhada, sobrinhas e neto de Sarney.

Homicídio é a causa de 46% das mortes entre adolescentes



Cidades do entorno de capitais, além de polos de desenvolvimento regional, têm os maiores índices de assassinatos dos 12 aos 18 anos

Estudo da Uerj em parceria com o Unicef mostra que, de cada mil adolescentes no país, dois deverão morrer antes de completar 19 anos

ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os homicídios respondem por 46% das mortes de adolescentes no país e são a principal causa de óbitos nessa faixa etária, à frente das causas naturais (25%) e dos acidentes (23%).
A constatação é de estudo do Laboratório de Análise da Violência da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, a ONG Observatório de Favelas e o Unicef, braço da ONU para a infância. O trabalho utiliza informações do Ministério da Saúde relativas a jovens de 12 a 18 anos nas 267 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes. Os dados são de 2006.
A pesquisa criou um novo indicador, o IHA (Índice de Homicídios na Adolescência). Ele mostra que, de cada mil adolescentes brasileiros, dois deverão morrer antes dos 19 anos.
Foram estimados 33 mil assassinatos de adolescentes entre 2006 e 2012 se mantidas as condições atuais, o que equivale a 13 por dia.
Regiões metropolitanas e polos de desenvolvimento regional concentram as cidades com os maiores índices de homicídios de adolescentes no país.
A pior situação está em Foz do Iguaçu (PR), onde quase dez de cada mil devem morrer antes de completar 19 anos.
Na lista das mais violentas, se sobressaem cidades das regiões metropolitanas de Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco e Rio de Janeiro.
Entre as capitais, aparecem Recife (PE) e Maceió (AL). O Rio de Janeiro fica em 21º lugar. A capital paulista, em 151º.
Nancy Cardia, coordenadora-adjunta do Núcleo de Estudos da Violência da USP, aponta que, com exceção de Rio e São Paulo, as regiões metropolitanas sofreram um processo de expansão mais recente e, em consequência, têm uma estrutura urbana mais precária.
Ainda segundo ela, estudos mostram que uma série de problemas das cidades está relacionada à violência com crianças e adolescentes: o fato de as crianças mais pobres permanecerem menos tempo na escola e ficarem a maior parte do tempo sem a supervisão de adultos, por exemplo, faz com que elas fiquem mais tempo expostas.
O professor da Uerj Ignácio Cano, que esteve à frente do estudo, prefere não arriscar razões para explicar o problema de cada cidade. Ele afirma que é preciso avaliar caso a caso.
Entre as soluções, porém, ele é taxativo: é preciso restringir a circulação de armas de fogo. A conclusão é especialmente válida para a região Sudeste, em que esse meio responde pela maior parte dos homicídios.
Em geral, o adolescente assassinado é homem, negro e tem baixa escolaridade. O principal fator de risco é o sexo: na adolescência, um homem tem 12 vezes mais chance de morrer do que uma mulher. Negros, três vezes mais do que brancos.

São Paulo
Segundo Cano, em comparação com outros Estados, São Paulo tem uma situação positiva. Das 71 cidades paulistas com mais de 100 mil habitantes, 59 têm índice de homicídio de adolescentes abaixo da média nacional -em sete delas, a taxa é de zero.
O pesquisador atribui a situação de São Paulo à redução na taxa de homicídios no Estado verificada desde 2001.

E agora: você acha que Sarney deve renunciar ao cargo imediatamente? Opine!


O cerco contra o presidente do Senado, José Sarney, se fecha cada vez mais. A situação do ex-presidente da República à frente do parlamento se complicou hoje, com a divulgação de diálogos gravados pela Polícia Federal e publicados pelo jornal "O Estado de S. Paulo". As conversas sugerem que Sarney continuava mantendo Agaciel Maia no cargo de diretor-geral do Senado porque ele lhe fazia favores pessoais, incluindo ajuda na nomeação de membros do clã para cargos públicos. Todo mundo sabe que empregar parentes tem o nome de nepotismo, o que foi proibido pelo Supremo Tribunal Federal no ano passado. Portanto, se Sarney emprega alguém de sua família, ou agregados, como o namorado de sua neta, ele está contra a lei. E todo brasileiro que infringe a lei merece ser punido.


Várias manifestações nas ruas do país, além de movimentos na internet (Flickr, Yahoo! Respostas, Twitter, blogs, etc), pedem a renúncia imediata do presidente do Senado. E você, acha que o Brasil finalmente vai dar o exemplo contra a corrupção na política e exigir que José Sarney saia do cargo ou tudo vai acabar em pizza?


Y! Respostas: Você acha que desta vez Sarney deve deixar o cargo imediatamente?

terça-feira, 21 de julho de 2009

ROMÁRIO DESABAFA:"Não fui eu que matei o Michael Jackson ou trouxe a gripe suína para o Brasil. Não matei ninguém, não roubei ninguém


Em pleno dia do amigo, Romário reencontrou muitos deles e lançou nesta segunda-feira sua biografia autorizada, em uma livraria do Rio de Janeiro. Apesar de comentar sobre o livro, o Baixinho não fugiu das perguntas capciosas, comentou sobre os momentos turbulentos vividos nos últimos dias e desabafou pela primeira vez desde a sua prisão por falta de pagamento de pensão para seus filhos.

"Não fui eu que matei o Michael Jackson ou trouxe a gripe suína para o Brasil. Não matei ninguém, não roubei ninguém. Parece agora que eu virei o vilão do Brasil. Não estou envergonhado de nada. Sei quem eu sou, e sou feliz. Muitos já passaram por isso ou ainda vão passar. Sou um cara guerreiro e saudável. Vou continuar orando para o Papai do Céu me dar saúde", desabafou o ex-atacante, perguntado sobre os problemas na Justiça envolvendo sua ex-esposa, a modelo Mônica Sontoro.

Apesar dos problemas, Romário mostrou descontração a comentar sobre o lançamento do livro. "Espero que o livro venda bastante, já que eu estou precisando de dinheiro", disse o Baixinho, que é acusado de 30 processos judiciais no Rio de Janeiro.

Romário afirmou ter sido preso por um mal-entendido entre ele e Mônica Santoro. O ex-atacante se justificou ao declarar ter pago a pensão alimentícia combinada com a ex-esposa, mas admitiu uma diferença de valores na quantia a ser depositada. Mas o Baixinho declarou logo em seguida ter acordado tudo com a mãe de Moniquinha e Romarinho.

O ex-atacante da seleção brasileira também comentou seus momentos na prisão, onde passou uma madrugada inteira. "Ri bastante com os companheiros. Não gostaria de enfrentar isso de novo, mas conheci pessoas engraçadas e com o mesmo problema que o meu. Tenho mais uma hitória para contar no próximo livro", brincou o Baixinho.

Após falar sobre diversos assuntos, principalmente os seus problemas pessoais, Romário atendeu os fãs e tirou muitas fotos com torcedores. Além da presença de anônimos, os treinadores Joel Santana, Antonio Lopes e Sebastião Lazaroni estiveram presentes no lançamento da publicação.

Entre os jogadores de futebol, os ex-atletas Bebeto e Gonçalves, além do lateral direito Leonardo Moura, do Flamengo, também compareceram no evento. Outra presença ilustre acabou sendo do ex-presidente do Vasco Eurico Miranda.

GOLEIRO DO FLAMENGO ESPANCA EX-NAMORADA.......



MAIS UM BOLEIRO ESPANCADOR DE MULHER. PODE????

O terceiro goleiro do Flamengo, MARCELO LOMBA está sendo acusado de ter agredido a ex-namorada Carolina Moreira Miranda com um soco, na madrugada desta segunda-feira.

Ao lado do pai e da irmã, a estudante registrou ocorrência contra o atleta rubro-negro no 9ª DP (Catete), pela manhã.

De acordo com Carolina, a agressão teria ocorrido enquanto ela esperava por um táxi na saída de uma boate em Laranjeiras.

QUEM É MARCELO LOMBA (?)

Marcelo Lomba, assim como Diego, começou nas categorias de base do Flamengo, depois de sair do CFZ, onde jogava quando garoto. Desde pequeno, ganhou a admiração dos torcedores e outros jogadores na Gávea. É considerado um grande talento, e foi um dos responsáveis por diversas conquistas dos juniores como o Bi-campeonato carioca 2005/2006, além de ter sido convocado para as seleções sub-15 e sub-17, sendo inclusive Campeão Sulamericano com o Brasil. Agora, sem idade para disputar os torneios dos juniores, Marcelo Lomba foi promovido ao elenco profissional, e é o terceiro goleiro do Flamengo.Em 2008, teve a sua primeira chance como titular no clássico contra o Vasco da Gama.

DADOS
Nome Completo: Marcelo Lomba do Nascimento
Dia do Nascimento: 18 de Dezembro de 1986(18-Predefinição:Pad2digit-Predefinição:Pad2digit) (22 anos)
Nascimento: Rio de Janeiro (RJ)
Altura: 1,87m
Peso: 80 kg
1° jogo: 28/06/2006 (Seleção de Roraima 1 x 1 Flamengo)

HISTÓRICO: ESPANCADOR DE MULHER

BEBER, CAIR E NÃO MARCAR GOLS


POLÊMICA:JOGADOR FRED É ACUSASO DE ABUSAR NOS 'GOLLES DE CHOPPES' POR CARTOLA DO FLUMINENSE, QUE NEGA TER FEITO TAL DECLARAÇÃO.

Presidente do Flu nega que tenha criticado consumo de álcool por parte de Fred

No Rio de JaneiroO presidente do Fluminense, Roberto Horcades, negou no início desta noite que teria dado uma declaração no mínimo polêmica para a revista Isto É. Em uma nota intitulada "Bom de Gole", o dirigente teria criticado o excesso do consumo de bebidas alcoólicas do atacante Fred, um dos principais jogadores do time.

A publicação diz que Horcades ao ser perguntado se Fred marcaria mais gols, caso engordasse 15 kgs, fazendo clara alusão a Ronaldo, atacante do Corinthians, o presidente teria afirmado que isso aconteceria caso o atleta de seu clube "bebesse menos 15 litros".

segunda-feira, 20 de julho de 2009

TREM DA ALEGRIA DO GOVERNO SARNEY EM 1988

Quem não se lembra que José Sarney, então presidente da República, e a esposa Marly comandaram um TREM DA ALEGRIA no ex INAMPS do Maranhão em 1988, às vésperas da promulgação da Constituição.Foram mais de 200 passageiros nomeados como nível médio no cargo de Assistente Administrativo.O supritendente do INAMPS-MA, era o cunhado de José Sarney,Marival Lobão.
A nível nacional, os servidores do INAMPS estavão de greve, que durou mais de 90 dias.Os 10 andares do Edifício João Goulart, onde funcionava o INAMPS estava fechado, em razão do movimento paredista e o serviço de contratação foi todo realizado em dos postos da Legião Brasileira de Assistência -LBA, na rua das Borrocas.

FORA SARNEY - Estudantes fazem protesto no Congresso


Seguranças do Senado impediram que um grupo de estudantes realizassem um protesto pedindo a saída do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Sobre a edição dos atos secretos que deu fôlego à crise que atinge a imagem da instituição, a manifestação foi chamada de "ato secreto popular".

Cada um dos manifestantes trajava uma blusa com uma letra para formar a frase: "Fora Sarney". Eles começaram a circular pelos corredores das comissões do Senado, mas foram convidados a deixar o prédio. O estudante que estava com a letra "S" foi barrado na entrada do Congresso e a frase ficou "Fora arney".


Os estudantes aproveitaram o trajeto entre as comissões e a saída do Senado para gritar: "Fora safado, devolve o Senado" e "Fora Sarney". Os manifestantes reclamaram da pressão dos seguranças para que deixassem o Senado.

"Segurança para prender quem desvia, quem rouba o dinheiro público não aparece, mas para nos impedir de manifestar nossa opinião tem até demais", afirmou Hugo Todde, estudante da Universidade de Brasília.

Os policiais do Senado ficaram irritados com a resistência dos estudantes em deixar o prédio e reagiram com provocações. Um dos seguranças afirmou que nas próximas eleições vota em Sarney até para presidente da República.

Durante o tumulto no Senado, Sarney não estava na Casa. A assessoria não quis comentar o protesto. Os estudantes, que disseram não ter ligações com nenhum movimento social organizado, prometeram voltar em agosto, depois do recesso parlamentar, para tentar protestar na galeria do plenário do Senado.

COMPANHIA BARRICA CONTESTA O NOME DA OPERAÇÃO DA PF


JORNAL O ESTADO DO MARANHÃO (20.07.09.pág 02. Política)

A imprensa do sul do país continua intitulando indevidamente de Operação Boi Barrica a investigação feita pela Polícia Federal em que figura o empresário Fernando Sarney. "A própria PF deu notícia pública, em 26 de março deste ano, esclarecendo a desvinculação do nome do nosso grupo com o citado inquérito policial", esclareceu José Pereira Godão, criador e diretor artístico do Barrica, em correspondência encaminhada ao jornal O Globo.

Esses veículos desrespeitam decisão do juiz federal Newton Pereira Ramos Neto, da 6ª Vara de São Luís, proibindo o uso do nome do grupo folclórico como referência da operação policial. Em decisão no julgamento de ação cautelar, o magistrado ressalta que “o referido folguedo popular e seus dirigentes sequer são investigados”. E acrescenta: “Aliás, mesmo que ali fossem investigados, não pareceria jurídica a referida atribuição, que tem inclusive um viés jocoso, diante dos maléficos efeitos morais daí decorrentes antes de uma sentença penal condenatória, até quando se deve prestigiar o cânone constitucional da presunção de inocência”.

Em seu despacho, o juiz determinou, ainda em dezembro do ano passado, a alteração da denominação da operação no prazo de cinco dias, tanto nas capas dos processos quanto nos demais documentos que fizessem referência ao grupo; a publicação de nota de esclarecimento por parte da União, no caso pela Polícia Federal, em jornais de circulação local e nacional, esclarecendo a desvinculação do nome do grupo com a operação; e a aplicação de multa diária de R$ 1 mil, no caso de descumprimento da sua decisão.

A injustificada vinculação do Boi Barrica com a investigação mostra total desrespeito da imprensa sulista com a cultura do Maranhão, que tem sido levada a todo o país e até para o exterior pelos dirigentes e demais integrantes do grupo.

Em sua nota, a Polícia Federal esclareceu que não há qualquer vinculação do grupo folclórico Boi Barrica à investigação veiculada pela imprensa com o referido nome. "Outrossim, informa ainda que tal operação, no âmbito da Polícia Federal,é tratada com o nome Operação FAKTOR", diz o documento.

Para o jornalista Raimundo Garrone, que é corresponde de O Globo no Maranhão, "a injustiça é evidente, já que a brincadeira comandada por José Pereira Godão não é sequer citada ao longo do inquérito, para que pudesse justificar o batismo da operação".

É BOMBA , MEU BOY : Godão quer o nome "Boi Barrica" fora da operação policial


MATÉRIA POSTADA AQUI EM NOSSO BLOG, EM 14 DE MARÇO DE 2009
O compositor José Pereira Godão (foto) enviou nota para os meios de comunicação, onde informa que já existe uma decisão da Justiça Federal do Maranhão, de 04 de março do corrente ano, determinando que, no prazo de 15 dias, a União publique nota de esclarecimento sobre a desvinculação do nome atribuído a uma investigação deflagrada pela Polícia Federal, aqui no Maranhão, na qual o seu grupo junino, o BOI BARRICA, mencionando inclusive a alteração do apelido da referida operação policial.O alto grau de exposição negativa a que a marca BOI BARRICA, construída há mais de 23 anos, está sendo submetida e a sua injustificada utilização por parte da mídia nacional.

domingo, 19 de julho de 2009

UM PAÍS DIVERTIDO


JANIO DE FREITAS
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Espetáculos de degradação como o do Senado se afiguram para a classe dominante brasileira como espetáculos
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RECESSO parlamentar. Uma denominação luxuosa para a aberração das duas férias anuais de senadores e deputados. Mas férias de quê? No Senado, mal se iniciara o ano legislativo e o espetáculo da temporada já em março dominava a Casa, com o desnudamento diário de mais um dos senadores. Férias? Desta vez, como de outras por outros motivos durante a ditadura, um intervalo para respirar. Se for possível. Cá do lado de fora, porém, a necessidade de oxigenação não é menor e é de efeitos mais graves.
Espetáculos de degradação como o do Senado se afiguram para a classe dominante brasileira como espetáculos mesmo. Motivo de diversão com toques de pasmo, como a súbita eclosão de palavrões ou de nudez em uma peça de refinamentos e sutilezas. Além da atitude de espectadores, nada. Nenhum interesse dos doutores da universidade, de entidades como a OAB e a ABI, dos intelectuais esparsos, para pensar por que são possíveis tantos escândalos de falta de ética e excesso de imoralidade. E para debater essa realidade e seu acelerado agravamento, para mudá-la ou, ao menos, torná-la tolerável.
O programa é sempre o mesmo. Explode o escândalo, segue-se a série de revelações, os de sempre as acompanham divertidos, mas com salpicados esgares de indignação que ficam sempre bem -e pronto, é só engatar no escândalo seguinte.
Não é apenas nos chamados poderes instituídos que se multiplica a degradação espetacular e consentida. Qual é a diferença entre o novorriquismo de Daslu e Tânia Bulhões e os camelôs vendedores de produtos piratas? Contrabando, sonegação de impostos, falsificações documentais, crimes a granel fazem o escândalo de uma loja daquelas, dois ou três anos depois uma outra vem demonstrar que o mesmo método criminal tornou-se modo consagrado de comércio, e no intervalo dos escândalos? Bem, houve um avanço: o Supremo Tribunal Federal, chocado com a inclusão de algemas no espetáculo da Daslu, proíbe-as nos escândalos vindouros do novorriquismo empresarial ou financeiro.
Em protesto contra a interferência de Lula no Senado, tanto em defesa do senador José Sarney como em ataque à CPI da Petrobras, disse o senador Pedro Simon que "o Lula companheiro, sindicalista, está hoje mais para general da ditadura do que para o Lula que um dia foi". É assim não só em relação ao Senado. O sistema institucional brasileiro está dissolvido. O governo se impõe pelas ditatorialescas medidas provisórias. O Congresso não tem mais função legislativa e política, sobra-lhe a produção de mensalões, severinos, nepotismo, agacieis, turismo internacional, comércio de cargos com a Presidência da República e, sempre, escândalos. Lula faz e diz absolutamente o que quiser, sem restrição legal, de compostura, de palavra, de poder. Os instrumentos de governo são utilizados às claras, e sem suscitar reação alguma, para criar uma candidatura à Presidência, para submeter partidos, para gastos bilionários, para privilégios amazônicos, para qualquer coisa.
De baixo para cima, a violência se multiplica, já de controle impossível nas cidades mais populosas, como resposta desordenada e furiosa à histórica e continuada violência de cima para baixo.
Em tal rumo, os destinos possíveis deste país riquíssimo podem situá-lo entre os mais proeminentes na economia mundial. Mas imoral, perverso, ignorante, corrompido -e divertido, segundo o gosto inconsciente de suas classes predominantes.

Onda de escândalos não gera punição aos congressistas




Só diretores, servidores e domésticas são punidos; de 32 casos, 23 tiveram medidas parciais de correção e 9 ainda estão impunes

Com a sucessão de crises, produtividade na Câmara caiu 18% em relação ao mesmo período de 2008 e a do Senado Federal, 10%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Prestes a completar seis meses, a onda de escândalos no Congresso Nacional até agora não resultou em punição para nenhum deputado ou senador.
A responsabilização recaiu apenas sobre o elo mais fraco: diretores, servidores e empregadas domésticas. Algumas medidas administrativas pontuais foram tomadas.
A Folha listou 32 casos desde o primeiro episódio, no início de fevereiro. A sucessão de crises afetou um pouco a produtividade dos congressistas, mas não chegou a travar os trabalhos parlamentares.
Na Câmara, foram aprovadas 53 matérias no primeiro semestre de 2009, queda de 18% sobre igual período do ano passado. No Senado, foram 83 projetos aprovados, 10% menos do que em 2008.
Eleitos em 2 de fevereiro, os presidentes da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tiveram pouco tempo para respirar antes das primeiras denúncias.
Dois dias após a posse, veio à tona o "castelogate", a revelação de que o recém-eleito corregedor da Câmara, Edmar Moreira (ex-DEM-MG), escondeu da Justiça um castelo avaliado em R$ 25 milhões.
Na semana passada, Moreira foi absolvido no Conselho de Ética da Câmara da acusação de ter pago seus seguranças privados com a verba indenizatória.
O caso é emblemático da maneira como o Congresso tem respondido à sucessão de denúncias. Dos 32 casos, 23 tiveram medidas parciais de correção ou punição e 9 não tiveram nenhuma consequência.
Se os escândalos começaram na Câmara, foi no Senado, palco de 25 casos, que eles se tornaram uma crise de grandes proporções, ameaçando até o mandato de Sarney como presidente. Cinco casos ficaram restritos à Câmara, e dois envolveram ambas as Casas.
No Senado, o estopim foi a reportagem da Folha de 2 de fevereiro mostrando que o ex-diretor-geral Agaciel Maia escondia da Justiça a casa avaliada em R$ 5 milhões em que mora em Brasília.
A revelação derrubou Agaciel, no cargo havia 14 anos, e homem de confiança de seu padrinho político, Sarney, e do ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL).
A queda do homem-forte do Senado deu início a uma guerra interna. Petistas inconformados com a vitória de Sarney aproveitaram o momento para tentar fragilizar os peemedebistas -e levaram o troco. O senador Tião Sarney (PT-AC), derrotado pelo maranhense, acabou chamuscado com a revelação de que emprestou um celular do Senado para a filha usar em uma viagem ao México. A conta passou de R$ 14 mil.
Dentro da burocracia da Casa, a disputa entre "agaciboys" e facções rivais ao ex-diretor-geral ajudou a abrir a caixa-preta do Senado, uma das maiores de Brasília.
Vazamentos de atos, nomeações políticas e salários exorbitantes jogaram um pouco de luz sobre uma Casa em que não se sabia nem mesmo o número de diretorias, ou o local de trabalho de grande parte de seus 10 mil servidores.
Foi a partir da crise que se soube, por exemplo, que horas extras eram pagas a servidores no recesso parlamentar de janeiro. Que senadores fretavam jatinhos para viajar a seus Estados. Ou que parlamentares com residência em Brasília recebiam auxílio-moradia.
Em meados de junho, a crise, que afetava o Senado de maneira global, aproximou-se da cadeira de Sarney. A revelação feita pelo jornal "O Estado de S. Paulo" de que Agaciel escondia em atos secretos nomeações, aumentos de salário e concessão de benesses abriu nova frente na crise.
Parentes de Sarney e de seus aliados pendurados em gabinetes ou operando no Senado começaram a aparecer. Um mordomo da família recebia como assessor público. A casa do presidente em Brasília não foi declarada à Justiça Eleitoral. A fundação que cuida de seu acervo em São Luís operava com empresas-fantasmas.
Secretas também eram contas bancárias sem fiscalização nenhuma, operadas por Agaciel -suspeita-se que como uma espécie de banco privado para socorrer senadores endividados, caso do líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM).
Em uma tentativa de responder, Sarney mandou colocar na internet toda a relação de servidores e contratos. Foi a vez de nepotismo, aparelhamento político de gabinetes e existência de funcionários-fantasmas serem escancarados.

Cotas aéreas
Sem uma guerra comparável à do Senado, a Câmara nem por isso escapou ilesa da onda de escândalos. Acabou atingida pela farra das passagens aéreas, em que deputados cediam bilhetes de suas cotas mensais para amigos, parentes e aliados.
Num exemplo famoso, o deputado Fábio Faria (PMN-RN) presenteou sua então namorada, a apresentadora Adriane Galisteu, com uma passagem para o Carnaval fora de época em Natal. Mas a Câmara não viu problema e absolveu Faria com o argumento de que não havia regra contra a prática. Na mesma toada, casos semelhantes devem ir para o arquivo.
A única concessão a qualquer tipo de apuração foi a criação pela Câmara de uma comissão de sindicância para analisar um ponto específico da farra: a venda ilegal, por alguns gabinetes, de passagens da cota parlamentar para agências de viagem. O resultado deve sair em agosto.
A Câmara teve ainda "farra das domésticas". Pelo menos três deputados -Arnaldo Jardim (PPS-SP), José Paulo Tóffano (PV-SP) e o licenciado Alberto Fraga (DEM-DF)- contratavam suas empregadas como assessoras de gabinete.
Em um exemplo perfeito do modus operandi do Congresso na apuração das denúncias, as empregadas foram todas demitidas sumariamente. Os deputados nem foram investigados. (ADRIANO CEOLIN, ANDREZA MATAIS, FÁBIO ZANINI, JOHANNA NUBLAT E MARIA CLARA CABRAL)

Casa de José Sarney serviu para reunião de lobby


Folha Online

A casa do senador José Sarney, em Brasília, serviu de ponto de encontro para aproximar o grupo empresarial Abyara, de São Paulo, com Fábio Lenza, vice-presidente da Caixa Econômica Federal, em março do ano passado, informa reportagem de Elvira Lobato, publicada neste sábado pela Folha (íntegra apenas para assinantes).

Segundo a reportagem, a empresa queria um empréstimo de R$ 750 milhões da CEF para financiar empreendimentos imobiliários e pediu ajuda de Fernando Sarney, filho do senador, para contato direto com a direção da Caixa.

A Folha informa que a Abyara chegou a assinar um protocolo de intenções para o empréstimo, mas a operação não se realizou, em razão da crise do mercado financeiro.

Fábio Lenza foi nomeado para a vice-presidência da Caixa por influência de Sarney. A irmã dele, Olga Lenza, é chefe de gabinete da governadora Roseana Sarney, no Maranhão.

O local para o encontro foi indicado por Fernando Sarney, segundo telefonemas gravados pela Polícia Federal no dia 5 de março de 2008, durante a Operação Boi Barrica, que investigou o filho do senador.

Outro lado

José Sarney, disse, por meio de sua assessoria, que não participou nem nunca soube da reunião em sua casa, em Brasília.

O empresário Fernando Sarney confirmou o encontro, mas disse que fez apenas a apresentação entre as partes. Ele disse que soube que houve duas ou três reuniões entre a Caixa e a Abyara e que o empréstimo não saiu.

Fábio Lenza afirmou, por telefone, que todas as informações estão no relatório da Polícia Federal e recomendou que a reportagem procurasse a assessoria da Caixa. O banco, por sua vez, emitiu uma curta nota dizendo que nunca concedeu financiamento à Abyara.

A Abayara enviou nota à Folha em que diz que, como outras empresas do setor, assinou um protocolo de intenções com a Caixa, no dia 15 de maio do ano passado, para financiamento de empreendimentos imobiliários habitacionais, e que pleiteou financiamento de R$ 750 milhões para 11 empreendimentos imobiliários.

Segundo a Abyara, caberia ao banco avaliar tecnicamente os projetos a serem financiados e nenhum contrato foi celebrado.

Empresas terceirizadas abrigam parentes de funcionários do Senado

da Folha Online

Como forma de driblar a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que proibiu o nepotismo nos três Poderes, ao menos 299 parentes de funcionários efetivos ou comissionados do Senado são empregados por empresas terceirizadas que têm contrato com a Casa, informa reportagem publicada na Folha deste domingo (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).

A súmula do STF não prevê a relação entre nepotismo e empresas terceirizadas que prestam serviços para órgãos públicos, o que estabelece uma brecha para as contratações.

De acordo com o Senado, são 3.500 os funcionários terceirizados atualmente. Os 299 parentes trabalham para apenas 14 empresas que oferecem mão de obra para a Casa. Como são 35 os contratos de prestação de serviço, ao custo de R$ 129 milhões, o total de parentes empregados por terceirizadas pode ser bem maior.

Além disso, foram descobertos dois contratos de terceirizadas da área de telefonia com indício de superfaturamento. As empresas Control Teleinformática e Mahvla Telecomm pertencem ao mesmo dono, Marcelo Almeida, empresário ligado a Agaciel Maia.

Almeida vendeu ao Senado, por uma terceira empresa, equipamentos que transferem ligações. Em seguida, ganhou duas licitações, a um custo de R$ 7,5 milhões por ano, para manutenção dos equipamentos e para oferecer técnicos. Uma comissão recomendou o cancelamento imediato dos contratos.

Marcelo Almeida informou, por meio de nota, que os contratos foram estabelecidos por licitação e que "os serviços estão sendo cumpridos dentro dos critérios de qualidade estabelecidos