A Polícia Federal afirma em relatório que o empresário Fernando Sarney utilizou a residência de seu pai, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), em Brasília para intermediar negócios da incorporadora Abyara, sediada em São Paulo, com a Caixa Econômica Federal. É o que mostra reportagem de Raimundo Garrone na edição deste sábado em O GLOBO. Fernando Sarney foi indiciado pela Polícia Federal, na quarta-feira passada, por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, entre outros crimes. O empresário Paulo Nagem, amigo de Fernando, foi indiciado nesta sexta pela PF, junto com outras três pessoas.
Escutas telefônicas feitas pela polícia na Operação Boi Barrica - aberta em 2006 para investigar saques de R$ 2 milhões feitos por Fernando em meio à campanha eleitoral - revelam que o filho de Sarney fez tráfico de influência, junto ao governo federal e usando indicados pelo pai para cargos públicos, para obter benefícios financeiros. Fernando Sarney nega as acusações. A reunião na casa de Sarney, entre diretores da incorporadora Abyara e o vice-presidente de Pessoa Física da CEF, Fábio Lenza, indicado para o cargo pelo senador, teria ocorrido no dia 5 de março de 2008. O próprio Fernando liga para Lenza, para dizer que já está em Brasília, e que o "pessoal" está a caminho da casa de seu pai, onde era aguardada a chegada do vice-presidente da CEF. Em 2007, depósitos de R$ 2,4 milhões na conta da mulher e da filha
As relações de Fernando Sarney com a incorporadora paulista são antigas. Segundo a PF, de agosto a novembro de 2007, foram depositados na conta conjunta de Teresa Murad e Ana Clara Sarney (mulher e filha de Fernando) pela Abyara um total de R$ 2,44 milhões. "Que transação poderia ter sido realizada entre as partes que justificasse esses depósitos?", estranha a PF em seu relatório, que ainda observa que, sempre no dia seguinte ao crédito, havia um débito de grande parte do valor creditado
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