sábado, 27 de março de 2010

Fernando Sarney nega que tenha cometido crimes


Polícia vai indiciar filho de Sarney
PF só aguarda formalidades de governos estrangeiros para intimar empresário por evasão de divisas

Fernando Sarney nega que tenha cometido crimes ou irregularidades fiscais e diz que não irá comentar as operações no exterior


ANDREZA MATAIS
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


A Polícia Federal se prepara para indiciar o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pelo crime de evasão de divisas, em um dos inquéritos da Operação Faktor (ex-Boi Barrica) que ainda faltam ser concluídos.
A PF e o Ministério Público Federal, com a autorização da Justiça, rastreiam contas da família Sarney em diversos cantos do mundo. Conforme a Folha revelou nos últimos dias, as autoridades brasileiras já receberam a confirmação dos governos da China e da Suíça de que Fernando fez transações milionárias nesses países.
A PF agora aguarda apenas formalidades dos governos estrangeiros para intimar Fernando Sarney a depor e indiciá-lo por evasão de divisas, entre outras possibilidades relacionadas a crimes financeiros.
O empresário nega que tenha cometido crimes ou irregularidades fiscais. Sobre as operações financeiras no exterior, ele se recusa a comentar, alegando que as investigações sobre o caso correm sob segredo de Justiça. Já seu pai, o senador José Sarney, diz que o assunto se refere somente a seu filho.
No caso suíço, o governo local bloqueou uma conta do empresário no valor de US$ 13 milhões. As autoridades chinesas confirmaram ao governo brasileiro que Fernando remeteu para lá US$ 1 milhão a partir de uma conta em nome de "offshore" nas Bahamas. Fernando, seus familiares e amigos investigados na operação não declararam à Receita Federal contas que possuem no exterior.
A investigação sobre as transações bancárias do filho do presidente do Senado no exterior é um dos cinco inquéritos abertos pela PF na Operação Boi Barrica, renomeada Faktor.
No primeiro, foram analisadas as movimentações financeiras de uma factoring da família Sarney. No segundo, os contratos comerciais e negociações do grupo Marafolia, que a polícia aponta como pertencente a Fernando, mas registrado em nome de terceiros.
Há também um inquérito sobre suposto superfaturamento e desvio de recursos de obras da Valec (estatal vinculada ao Ministério dos Transportes). O quarto é o da evasão de divisas. O quinto foi arquivado pela PF -tratava da suspeita de vazamento de informações sigilosas do caso por um agente da Polícia Federal, mas não houve comprovação do crime.
Nos dois primeiros inquéritos, Fernando Sarney foi indiciado pela PF por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e gestão fraudulenta de instituição financeira. Sua mulher, Teresa, também foi indiciada por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro.
O Ministério Público Federal, contudo, pediu à polícia novas diligências nos dois primeiros inquéritos. Em relação ao da Valec e ao da evasão de divisas, a PF ainda precisa relatá-los (indiciar ou não os investigados).
Assim, o Ministério Público ainda não ofereceu denúncia contra nenhum dos suspeitos
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