quinta-feira, 20 de agosto de 2009

'Envergonhado', Flávio Arns pode deixar o PT


O senador Flávio Arns (PT-PR), um dos defensores, dentro do próprio partido, da abertura de processos contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse estar “’envergonhado” com a atitude de seu partido, que votou no Conselho de Ética pelo arquivamento de 11 denúncias e representações contra o ex-presidente da República.

Arns garantiu que pedirá, na Justiça Eleitoral, justa causa para deixar a legenda sem perder seu mandato, aproveitando para criticar, no plenário do Conselho, a posição dos três petistas que votaram (João Pedro, Delcídio Amaral e Ideli Salvatti).

Ele afirmou que “me envergonha estar no Partido dos Trabalhadores com o comportamento que está tendo. Achava que as bandeiras eram para valer e não para mudar por causa da eleição”, garantindo que alegará, na Justiça, que o PT mudou seu programa para tentar a desfiliação sem perder o mandato.

Senadores de oposição culparam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo resultado da votação, já que, de acordo com José Agripino Maia, líder do DEM, a base aliada votou de forma política, defendendo o governo Lula e indo de acordo a um pedido feito pelo presidente do PT, Ricardo Berzoini, para que os pedidos fossem arquivados. Assim, informou, “a leitura da carta coloca a digital do presidente Lula nisso”.

Já Demóstenes Torres (DEM-GO), lembrando que Lula chamou os senadores de “pizzaiolos”, devolveu: “o presidente é o pizzaiolo, e a pizza foi servida pelos senadores do governo no Conselho de Ética”. A oposição garante que possui prazo de dois dias para recorrer ao plenário do Senado, apenas com a assinatura de nove senadores, mas os governistas alegam que a resolução do Conselho de Ética não possibilita recurso da decisão.

Sarney disse, após receber o resultado do julgamento, que está satisfeito com a decisão, pontuando que a Casa deve agora retomar a normalidade, “porque ultrapassamos uma fase". Logo após comandar a sessão, o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), sentiu-se mal e foi atendido por médicos da Casa com fortes dores de cabeça. Não há ainda novidades sobre o estado de saúde do fluminense, que tem 80 anos e é um dos mais velhos do Senado, junto com Sarney e Pedro Simon (PMDB-RS).

Ricardo Berzoini disse, após a sessão, que o PT não pretende pedir o cargo de Marina Silva, senadora pelo Acre que deixará o partido e deve se filiar ao PV para disputar a eleição presidencial no ano que vem. Marina apresentou hoje sua carta de desfiliação, o que daria ao PT o direito de pedir o mandato, mas Berzoini alega que “tendo em vista a maneira como ela dialogou com o partido, as alegações dela sobre as angústias pessoais em relação à política, na minha opinião pessoal, seria inadequado fazer esse pedido judicial”.

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