Por JM Cunha Santos
"É indecoroso fazer política uterina em benefício dos filhos, irmãos e cunhados. O bom político costuma ser mau parente".A frase é do construtor da Constituição Cidadã, Ulisses Guimarães e está na coluna do Sebastião Nery, publicada pelo Jornal Pequeno ontem. Os membros da família Sarney certamente não a leram e, se leram, fizeram ouvidos de mercadores.Por aqui uma outra frase, esta anônima, afirmava que no Maranhão Sarney só não conseguiu comprar a fábrica de cuscuz Ideal e o Jornal Pequeno. Que também ontem publicou tradução de matéria da famosa revista britânica The Economist, mostrando ao mundo que atingimos o auge da plenitude econômica devido à nossa capacidade, hoje irrefutável, de exportar imoralidades, falta de ética e falta de vergonha.A revista classifica o Senado de "A Casa dos Horrores". Pouco a ver com o filme homônimo que versa sobre um hospício decadente com muitos pacientes e pouco dinheiro. O Senado, ao contrário, tem muita grana e 10 mil enfermeiros para cuidar de somente 81 pacientes que sofrem de Transtorno Obsessivo Compulsivo por dinheiro. A similitude é que, como no filme, agem 81 pacientes perigosos para a Nação brasileira, cada um escondendo um passado e um presente sobre os quais é melhor nem comentar.Mas um deles se destaca porque todos os seus atos estão vindo a público, por ser o presidente do manicômio institucional que, instalado em imponente cadeira azul, especialmente desenhada por um arquiteto, comanda todos os horrores políticos de que o Brasil tomou conhecimento nos últimos meses. Com a diferença de que esse presidente, ao contrário do diretor do hospício, ainda não resolveu questionar sua própria sanidade. Se o fizer, o Brasil, finalmente, estará livre dele.O Senado é a casa dos horrores pela profusão de escândalos, pela prática da política uterina de que falava Ulisses Guimarães. É um castelo cheio de passagens secretas, por onde fogem constantemente a ética e a transparência que devem ser próprias das instituições públicas.Os ataques deste Senado ao povo brasileiro, à semelhança de um asilo de segurança máxima, são feitos pelos esgotos morais onde tudo é secreto e de cujas instalações quase ninguém tem conhecimento. É nesses bueiros confidenciais que Sarney e outros senadores urdem as nomeações de parentes, as contas sigilosas, as farras com passagens aéreas, os pagamentos de salários a funcionários em férias, a ocultação de mansões milionárias, os empréstimos consignados aos netos e até mesmo o desvio de verbas da Petrobras.Assim, a frase do lendário Ulisses Guimarães sobre a política uterina praticada no país serve como uma luva ao momento imoral que vivemos. Isso enquanto Sarney compra almas e consciências no Brasil para evitar sua cassação da presidência do Senado e se descabela por não conseguir comprar nem a fábrica de cuscuz Ideal nem o Jornal Pequeno neste pobre Maranhão
Nenhum comentário:
Postar um comentário