sexta-feira, 9 de abril de 2010

Serra Leoa: o pior lugar do mundo para engravidar


Jebbeh Amara posa para foto ao lado dos filhos, em Serra Leoa. No ano passado, Amara perdeu um bebê com malária, devido à falta de acesso ao tratamento. A malária é a doença que mais mata em Serra Leoa, uma ex-colônia britânica na África Ocidental, classificado pela ONU como o país menos desenvolvido do mundo
Serra Leoa exibe regularmente os piores índices de mortalidade infantil e materna do mundo. O índice leonês de 2.000 mortes de mães por 100 mil partos (segundo o Unicef e a Organização Mundial da Saúde) talvez seja o pior do mundo. A média da África subsaariana em 2005 era de 900; na Europa Ocidental a média é de nove. Na África subsaariana, 250 mil mulheres morrem durante o parto todos os anos, sendo que um terço desses óbitos é provocado por problemas simples como hemorragias.

Em muitos países, o parto é a causa mais comum de morte de mulheres jovens. A morte durante o parto é uma tragédia e isso mexe com a consciência dos países ricos. Talvez como resultado disso, as verbas para essa área têm aumentado – de 1,4 bilhão de libras esterlinas (R$ 3,8 bilhões) para 2,3 bilhões de libras esterlinas (R$ 6,2 bilhões) por ano entre 2003 e 2006, segundo a Oxfam. Os gastos com saúde no mundo em desenvolvimento triplicaram na última década. Sendo assim, por que os índices de mortalidade materna continuam tão elevados?

Os analistas de desenvolvimento têm duas respostas. A primeira é a moderna alegação de que “o auxílio humanitário não funciona”, promovida no ano passado em “Dead Aid” (“Auxílio Morto”), um livro da economista zambiana Dambisa Moyo. Moyo afirma que injetar dinheiro em países necessitados sem que haja sistemas para assegurar o emprego apropriado das verbas é algo que promove o clientelismo, a dependência e governos corruptos e ineficientes. Ela pode ter razão. Nos últimos três anos, Serra Leoa recebeu mais de US$ 250 milhões (R$ 444 milhões) da Unicef, do Departamento de Desenvolvimento Internacional britânico e do Banco Mundial para melhorar o sistema de saúde do país – e o ex-ministro da Saúde leonês está aguardando julgamento pelo crime de corrupção.

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