sábado, 5 de setembro de 2009
Casamento gay divide políticos de esquerda ligados a grupos religiosos
<strong>Parlamentares têm opiniões divergentes, e às vezes conflitantes, sobre união civil de pessoas do mesmo sexo
EDUARDO MILITÃO
Do Congresso em Foco
Se contra o aborto praticamente há uma unanimidade entre os religiosos de esquerda, as temáticas sobre os homossexuais dividem essa bancada. Há os que defendem todos os pleitos de gays, lésbicas e travestis e há os que têm restrições em diversos pontos.
Favorável à união civil dos homossexuais e até à adoção de crianças por eles, caso isso seja comprovado por psicólogos, o senador paranaense Flávio Arns é contra o projeto de lei com o objetivo de criminalizar a homofobia. Ele diz que, na verdade, a proposta acaba com o direito à crítica e considera discriminação qualquer restrição a atos amorosos em público.
O senador católico acredita que os parceiros gays e lésbicas devem ter todos os direitos fundamentais, como pensão e herança. Concordam com ele o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) e o deputado Mauro Nazif (PSB-RO), filho de palestino, mas também católico.
Porém, Mauro Nazif discorda do chamado "casamento gay", matrimônio celebrado entre duas pessoas do mesmo sexo. O evangélico Gilmar Machado (PT-MG) também. "A Bíblia diz que o casamento foi feito para macho e fêmea."
Machado se posiciona pessoalmente contra a adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo, mas destaca que a lei não proíbe a atitude. "Não existe para mim casal homossexual", explica.
Sem discussão por lei - Inácio Arruda diz que aborto e temáticas homossexuais não são fundamentais para o país, como saúde e educação. "Com isso nunca me preocupei. Será que esse é o problema central nosso? E emprego, educação e saúde?", questiona o senador do PCdoB.
Outro a defender que não devem ser feitas leis sobre esses assuntos é o evangélico Walter Pinheiro (PT-BA). "As pessoas estão querendo transformar coisas de foro íntimo em amarras, em legislação", diz ele, atualmente licenciado por ser o secretário de Planejamento da Bahia.
Pinheiro tem o seguinte raciocínio: o Estado deve usar o princípio Constitucional de defender a vida. Assim, não pode, por exemplo, ser negado tratamento médico a uma mulher que esteja sofrendo em decorrência de aborto. "Não dá para perguntar se o aborto foi provocado na casa dela ou se era espontâneo. Tem que ser atendida", diz. O deputado licenciado acredita que as clínicas de aborto clandestino devem ser combatidas pelo Ministério da Saúde.
E reforça que não é necessária nenhuma lei a mais sobre a união civil e a adoção por homossexuais. Pinheiro diz que os problemas de herança, pensão e patrimônio são resolvidos com a legislação atual e com as decisões da Justiça. E que a adoção das crianças por gays e lésbicas já é permitida, apesar de ele ser pessoalmente contra.
"Sou contra porque a criança tem um curso natural interrompido", diz Pinheiro. Bassuma vai além: "Acho que é, para a criança, um processo psicológico muito sério. As crianças têm um modelo de pai e mãe. Elas vão ter um prejuízo em sua formação psicológica. A sociedade é uma coisa e o lar delas será outra", diz o deputado.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário