Já são dez os denunciados, dentre eles Fernando Sarney, que comanda os negócios da família no Maranhão, e sua mulher, Teresa Murad
Vannildo Mendes
Em mais uma bateria de interrogatórios,a Polícia Federal indiciou outros quatro envolvidos no esquema de lavagem de dinheiro e crimes financeiros que seria comandado pelo empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Agora já são dez os indiciados, dentre eles o próprio Fernando, que comanda os negócios da família no Maranhão, e sua mulher, Teresa Murad.
Os novos nomes da lista são João Odilon Soares Filho (indiciado por instituição financeira irregular, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro), Roberto Wagner Gurgel Dantas (falsidade ideológica e formação de quadrilha), Luiz Gustavo Almeida (falsidade ideológica e formação de quadrilha) e Paulo Nagem (tráfico de influência).
A PF não deu detalhes dos depoimentos porque o inquérito corre em segredo de justiça. Uma autoridade com acesso aos depoimentos informou que os quatro negaram envolvimento com as irregularidades. Desencadeada há um ano, a operação investiga uma rede de crimes cometidos pelo grupo, a partir de um saque de R$ 2 milhões, em espécie, feito por Fernando às vésperas da eleição de 2006 e registrada como movimentação atípica pelo Conselho de Fiscalização de Atividades Financeiras (Coaf).
Diretor financeiro do Grupo Mirante, o conglomerado de comunicação dos Sarney no Maranhão, José Odilon figura como sócio de pelo menos uma das empresas envolvidas nas transações suspeitas. Roberto Wagner Gurgel e Luiz Gustavo Almeida são apontados pela PF como laranjas de Fernando Sarney na empresa Marafolia Eventos. Paulo Nagem, por sua vez, aparece como intermediário em negociação que levou a Caixa Econômica Federal a patrocinar eventos da Marafolia.
As tratativas foram feitas com Fábio Lenza, à época vice-presidente da Caixa "por indicação política" de José Sarney, como observou a PF nos relatórios da operação.
A investigação foi desmembrada em cinco inquéritos, que apuram crimes como lavagem, corrupção, evasão de divisas, formação de quadrilha e tráfico de influência, além de instituição financeira irregular, atribuídos a familiares e aliados do presidente do Senado.
Apontado na investigação como cabeça da quadrilha e acusado de comandar um "forte esquema de tráfico de influência" em órgãos do governo federal comandados por apadrinhados de Sarney, Fernando foi o primeiro indiciado.
Por meio de nota de seu defensor, Eduardo Ferrão, o empresário negou as acusações e disse que vai provar sua inocência. Na próxima semana será ouvida a última leva de suspeitos, entre eles a neta de Sarney, Ana Clara, que figura como sócia de empresas investigadas pela PF.
Também deverá ser ouvido o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, que deixou o cargo em 2007 depois de ser denunciado pelo Ministério Público como suspeito de receber R$ 100 mil de propina da construtora Gautama, pivô de um esquema de desvio de dinheiro público mediante licitações fraudulentas e superfaturamento de obras. Antigo aliado de Sarney, Rondeau negou as acusações e até hoje integra o conselho de administração da Petrobrás.
Foi também indiciada Luzia de Jesus Campos de Souza, que gerenciava as contas de uma empresa criada pelos Sarney para movimentar dinheiro das empresas da família. Apontada como braço direito de Fernando, Luzia foi enquadrada pelos mesmos crimes do chefe. Os demais indiciados são Walfredo Dantas, Marcelo Aragão e Thucidides Frota, acusados de cúmplices da quadrilha.
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