Homens, com idade entre 20 e 29 anos, negros e com baixos níveis de escolaridade. Essas são as vítimas mais comuns da violência no Brasil, de acordo com estudo da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Traçando o perfil epidemiológico dos atendimentos de emergência por violência em 65 unidades de pronto-atendimento com elevados índices de morbimortalidade por causas externas credenciadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), a pesquisa concluiu que, em 8,7% dos casos, o paciente havia tentado suicídio. O trabalho está publicado na edição de março da revista Epidemiologia e Serviços de Saúde.
A partir de dados do Sistema de Serviços Sentinelas de Vigilância de Violências e Acidentes, os pesquisadores indicaram que 10,4% dos atendimentos por causas externas realizados nesses hospitais durante o ano de 2006 foram devidos à violência. Dos 4.854 pacientes, 72,8% eram do sexo masculino. Segundo o trabalho, o impacto da violência no sexo feminino foi demonstrado nos atendimentos por tentativa de suicídio e maus-tratos. Os tipos de violência foram classificados como agressões (87%), tentativas de suicídio (8,7%) e maus-tratos (4,3%). Por agressões, ficam entendidas as tentativas de homicídio ou lesões, empregando qualquer meio e com intenção de lesar, ferir ou matar. Em 2005, foram registrados quase 48 mil homicídios no país, dos quais 92% contra homens.
Na consideração dos autores do estudo, “o fato de os homens constituírem a maior parcela de vítimas de agressão talvez possa ser justificado pelos padrões socioculturais cristalizados na noção de gênero, que os expõem a situações ou comportamentos de risco para a violência”. Os tipos de agressões registrados no trabalho apresentam distribuição diferenciada segundo o sexo da vítima. “A agressão física foi a forma de violência mais frequente entre as mulheres, enquanto a arma de fogo e os objetos perfurocortantes predominarem entre os homens”, informam.
Quanto à tentativa de suicídio, o envenenamento se destaca. Cerca de 85% das mulheres se envenenaram. Dentre os pacientes que deram entrada no serviço de emergência por maus tratos, o número de mulheres correspondeu ao dobro do de homens. “Nestes casos, evidencia-se a violência de gênero, cuja natureza e padrões se diferenciam de outras violências interpessoais, responsável por tornar a mulher ainda mais vulnerável ao desenvolvimento de problemas físicos (principalmente quando se trata de violência física ou sexual), familiares e sociais resultantes da permanente situação de estresse e da falta de esperança em mudar sua situação de vítima”, dizem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário