Estudo mostra que os homens passam mais tempo falando da vida alheia do que as mulheres
Fofocar é um dos traços mais intrínsecos da personalidade humana. Maldoso ou engraçado, não há quem nunca levou adiante um disse-que-disse. E as mulheres sempre ganharam a fama de mexeriqueiras. Mas um levantamento da empresa mundial de pesquisas OnePoll, realizado com cinco mil pessoas, mostrou que os homens gastam mais tempo cuidando da vida alheia: 76 minutos por dia. Entre os assuntos masculinos preferidos estão histórias sobre amigos bêbados, colegas da época de escola e a garota sexy do trabalho. As mulheres perdem 52 minutos diários para comentar sobre outras mulheres, se queixar de sexo e apontar quem está acima do peso. Para eles, não há melhor lugar para fofocar do que o escritório. E 33% ficam felizes com isso. Nem o sexo, para 31% dos homens, é tão importante quanto a fofoca. Enquanto isso, elas elegem o lar como local perfeito para destilar um veneno e, em 50% dos casos, debater detalhes da vida íntima.
Para 58% dos entrevistados, a fofoca funciona como fator de integração e aceitação no grupo. Essa característica de promover a integração é real, diz a psicóloga Catarina Tanaka, professora da Universidade Estadual de Maringá, no Paraná, que defendeu a tese de doutorado A Psicologia Social da Fofoca, na PUC de São Paulo. "É um fenômeno que une em torno de um assunto em comum", diz ela. "Também é percebida como uma atividade relaxante, quando feita em tom de brincadeira." Catarina afirma que há mais fofoca durante crises econômicas. Surgem os comentários sobre o que pode acontecer na empresa e, ao mesmo tempo, os funcionários buscam uma válvula de escape para as tensões. Falar do outro é uma saída e talvez por isso os homens estejam futricando além da conta. "Quanto às mulheres, com até triplas jornadas de trabalho, sobrou menos tempo", diz a professora.
Aos que se animaram em contar a última, um aviso: a fofoca pode ter um lado destrutivo e arruinar reputações. "Historicamente, a inveja é a principal motivação do boato. Há pessoas que não se conformam que o outro seja feliz", diz o ator Cacau Hygino, autor do livro Fofoca - essa simpática palavra e suas consequências imprevisíveis, lançado em novembro. Para Hygino, a fofoca acaba virando contra o fofoqueiro: "As pessoas observam que aquele indivíduo só sabe falar mal dos demais. Acabam duvidando do que ele diz e se afastam." Dentro dos limites e com leveza, porém, ela diverte .
Fonte: Revista Isto É (14.04.04)
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